sábado, 26 de maio de 2018



JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (III)
Com estas transcrições, estamos tentando recuperar os textos outrora produzidos para uma coluna semanal do jornal eletrônico JUANORTE, editado a partir de Brasília, DF, pelo jornalista Jota Alcides. Em razão de ataque de hackers e a destruição dos arquivos, o próprio editor resolveu desativar o jornal. A seguir mais 10 destes textos por mim escritos.
DE FATOS E MILAGRES
“No lugar onde se achar / Um fervoroso romeiro / Ai daquele que falar/ Contra ou mal do Juazeiro / Pois entre os romeiros crentes / Velhos, moços e inocentes/ A piedade é comum / Porque o santo reverendo / Inda hoje está vivendo / No peito de cada um. (Saudação a Juazeiro do Norte, de Patativa do Assaré). Como há 120 anos atrás já houve por aqui um milagre, não custa nada torcer para que outro se realize. Às vezes penso que certas questões de Juazeiro do Norte carecem de uma intervenção, realmente, miraculosa. Mesmo porque foi desta maneira que se afirmou a nossa própria crença e fé. Não é porque insistimos em palavras dos modismos, chavões atuais (estruturante, sustentabilidade, inclusão, etc) que devemos falar nisto, em busca de nossa própria inserção nestes debates. Mas, se a nosso respeito, convenhamos, o próprio Estado é tímido e, por vezes, insiste em manter o fosso que divide o território cearense em RMF e o resto, isto só nos impele para o trabalho, com uma determinação férrea para conquistas. Ora, secularmente esperamos por ações de governo como mola do desenvolvimento. Tomemos o caso dos ditos projetos estruturantes do atual Governo do Ceará já anunciados: Companhia Siderúrgica do Pecém, Refinaria de Petróleo, Ampliação do Porto do Pecém, Usina de Itataia, Usina Solar, Usinas Eólicas, Usinas Térmicas, Usinas de Biodiesel, Fábricas de Cimento, Construção de Estaleiros, Resorts de Turismo, Projetos de Flores e Frutas, Zona de Processamento de Exportação, Pavilhão de Feiras, Metrofor, Industrialização do Interior, Dragagem do Porto do Mucuripe, Canal da Integração, Aeroportos. Estes investimentos devem chegar a mais de 25 bilhões, pelo que vamos somando da euforia oficial. O Governo informa que os oito projetos de impacto para o Cariri, representam uma disponibilidade de recursos da ordem de U$ 65 milhões. Ou seja, o Cariri Central, como afirmam, deve se contentar por enquanto com cerca de 3% disto que o Estado caracteriza como a nova face do seu desenvolvimento. Do anunciado, o Aeroporto Regional do Cariri, o Distrito Industrial, Hospitais, o Aterro Sanitário, o Trem do Cariri, etc, é parte da exceção à regra de que a RMF, abrindo braços para litoral Leste-Oeste, sintetiza todas as vontades para fazer desenvolver este pobre Estado. É bem provável que, antes mesmo que o nosso, um certo aeroporto internacional de Jericoacoara emplaque para o deslumbramento do turismo cearense. Então, é para se acreditar em milagre, como algo que nos sugere a multiplicação de peixes e pães, em tempos de Quaresma. Politicamente, a reengenharia aplicada aos poderes públicos não revelou nada, senão a falência moral, social, ética e econômica das estruturas e dos modelos prevalentes. O Cariri que já lutava com enormes dificuldades na barganha pelo poder, mostra-se hoje presa mais fácil em meio a esta orfandade clara de valores que lhe façam interlocução. Aparecem na cena política cristãos novos, descrentes de milagres, esses mesmos, em cuja crença se fez luta, conquistas e desenvolvimento de um povo votante. Então, não se pode estranhar que o povo desta Juazeiro do Norte relembre nos versos do poeta centenário a advertência amorosa e contundente: “Juazeiro, Juazeiro / Jamais a adversidade / Extinguirá o luzeiro / Da tua comunidade / Morreu teu protetor / Porém a crença e o amor / Vivem em cada coração / E é com razão que eu me expresso / Tu deves o teu progresso / Ao Padre Cícero Romão.”
(JUANORTE, 08.03.2009)

COMPETÊNCIA EM MEIO AMBIENTE
Ainda em 2008 o Governo do Ceará formulou um programa integrado, associando o Ensino Médico a uma capacitação profissional em diversas áreas, assumindo o desafio de promover a articulação do currículo formal com a formação para o mundo do trabalho. No início, procurava-se, em tempo integral, oferecer os primeiros cursos técnicos nas áreas de Enfermagem, Segurança no Trabalho, Turismo e Informática. No embrião, foram 25 Escolas distribuídas em 20 municípios (do Cariri, apenas Brejo Santo, Barbalha e Crato), beneficiando 4.450 estudantes que ingressaram no ensino médio integrado. Desconhecemos os indicadores que consideram o programa vitorioso na sua primeira etapa. Mas, acreditamos piamente que isto seja uma grande realidade. E vemos com particular interesse a sua continuidade na abertura deste novo ano letivo. Deste modo, com a ampliação, o Governo do Estado passa a ofertar ensino médio integrado à educação profissional a 12,4 mil estudantes em 51 escolas no Estado. Fontes do Governo informam que este esforço representa um investimento da ordem de R$ 35,7 milhões, somente esse ano. Juazeiro do Norte, excluído no ano passado, foi contemplado na sua expansão com duas escolas: Centro Educacional Professor Moreira de Sousa e Escola Aderson Borges de Carvalho. Os cursos de Juazeiro do Norte, espalhados nas duas unidades serão: Informática, Enfermagem, Guia de Turismo, Segurança do Trabalho, Comércio e Edificações. Estranhei, particularmente, a ausência de pelo menos um curso de Meio Ambiente para qualquer uma das cidades do Cariri, integrantes do projeto (Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Crato, Mauriti e Juazeiro do Norte). Apenas Fortaleza dispõe desta modalidade, agora introduzida. Acredito que seja isto, a capital vai nuclear esta nova experiência. Portanto, não há nenhuma crítica ao Governo, neste sentido. Apenas vislumbramos que ao sucesso a que se reserva este programa, esta habilitação (Meio Ambiente) deverá ser gradativamente estendida aos demais municípios atendidos. Registramos, apenas, que o Cariri, e especialmente Juazeiro do Norte, hoje já apresenta motivos de sobra para que um esforço desta grandeza seja expandido a pelo menos uma escola da cidade. As justificativas são de todo conhecidas: é necessário um grande esforço para disseminar pela educação o respeito às regras ambientais, sejam legislativas, sejam imperiosas pela autorregulação do ecossistema. A formação desta nova consciência não deve ser apenas um programa de formação universitária, de graduação, ou além disto. Em Juazeiro do Norte, a caminho de sua metropolização no JUABC, por exemplo, já se faz sentir o ônus pesado de graves problemas ambientais a sentir pela poluição atmosférica provocada pelo excesso de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) e decorrentes das concentrações elevadas de transportes, instalações industriais, descarte e incineração de lixo, ausência de saneamento ambiental com maior cobertura. Por isto mesmo sente-se o aumento da temperatura devido à concentração excessiva de cimento, asfalto, recobrindo o solo e refletindo o calor solar, e à falta de circulação atmosférica, dentre outras mazelas. Como alterar, revertendo este quadro para que tenhamos um ambiente mais saudável para a população ? Este é o desafio que a educação ambiental deverá prover, na escolaridade de nossos jovens. Contamos com o Governo para a urgência desta missão.
(JUANORTE, 15.03.2009)

O REORDENAMENTO DA CIDADE
Falamos algumas vezes da necessária intervenção urbana em Juazeiro do Norte. Isto é motivado pela quase falência dos espaços centrais da cidade, não comportando mais a elevada concentração de destinos e atividades. O texto, o contexto, o pretexto e as entrelinhas desta realidade são muito conhecidos. Não vamos mais nos ocupar relatando os motivos do caos, pois eles invariavelmente nos remeteriam às considerações da omissão ou da falta de responsabilidade do poder público como disciplinador do nosso crescimento. Alguns itens são bem notórios e nos falam do excessivo tráfego nas ruas estreitas, pelo crescimento elevadíssimo da frota local ou em trânsito, como no caso das romarias. Como também da tímida descentralização da região central da cidade que, mesmo bastante alargado nos últimos anos, ainda não foi planejado para a formação de pólos integrados ao núcleo central da cidade. Fala-se bastante das áreas críticas como o binário das ruas São Pedro e Pe. Cícero, além do grande vexame provocado por um trecho reduzido da Rua São Paulo. A confusão se amplia a níveis insuportáveis quando se vê que não há a menor consciência responsável sobre o que é público ou privado, na extensão de uso permissivo e de atitudes verdadeiramente de vandalismo que ocupam ruas, calçadas, praças e demais áreas públicas. Fala-se numa cidade com ares de metrópole frente ao provincianismo atual, repaginado no faz de conta que ninguém vê. A questão do reordenamento é pauta primeira do Governo atual, pois não há saída plausível para o rigor como a coisa se impõe. E ainda não será perdoado a ninguém que este planejamento atinja apenas a sua responsabilidade de gestor no curto espaço do mandato. Aliás, é bom que se relembre que o Pe. Cícero, que foi o primeiro e único (todos os outros, ou por incompetência ou por subserviência, só tem conseguido ser vices), fez a sua e definitiva ação: projetou o centro para onde hoje gostaríamos que ele viesse a ser. Há mais de oitenta e cinco anos. Uma das coisas que me anima a fazer estas considerações reside nesta opção recente de uma solução metroviária. Dentro de um ano, esperamos, será iniciada a opção de transporte por trem metropolitano no Cariri. Se a ligação primeira só contempla uma meia dúzia de estações ao longo de 12 km entre Crato e Juazeiro, não se pode deixar de considerar as extensões para Missão Velha e a recomposição da via para Barbalha. No caso da direção de Missão Velha, é fácil verificar a extensão para o Aeroporto e regiões vizinhas, já com alguma densidade residencial. No ramo de Barbalha, a partir da av. Ailton Gomes ou numa paralela, é previsível que o ramal possa passar por trás do Jardim Gonzaga, da velha Lagoa Seca, atingindo campi universitários e demais equipamentos. A integração com o metropolitano se faz, na prática, com o espalhamento de terminais rodoviários urbanos em pontos estrategicamente situados, como assim vem sendo as soluções vitoriosas em muitas cidades de médio e grande porte pelo país, completadas pelo estabelecimento de corredores de tráfego. Deste modo, reduz-se, e muito, a circulação de ônibus pela região central. Importante é não fazer do centro, atual ou no futuro, o ponto terminal de fluxo de ônibus ou alternativos, de modo a complicar a sua funcionalidade, e os espaços de maior interação do público com os serviços. Fica ainda, nisto tudo, a advertência de uma pronta regulamentação sobre a ocupação do solo, com a previsão desta solução para todo o século XXI. Trata-se de proteger o nosso melhor futuro. Não é pedir muito. É ?
(JUANORTE, 22.03.2009)

BIBLIOTECA, PANINHO E TÚNEL
Um amigo, aos nossos encontros, invariavelmente me diz à larga gargalhada: “Juazeiro é um mundo”, numa alusão ao que fixei no título do meu primeiro livrinho. Risos à parte, a fartura da imprensa nos 165 anos de nascimento do Pe. Cícero deu boa divulgação dos últimos achados na residência da Rua São José. Ali, por estes dias, revelou-se um pouco mais sobre a sua biblioteca, mais um dos paninhos da questão religiosa e, de quebra, a surpresa maior de uma construção no subsolo, com um túnel que vem suscitando muitas indagações. Falemos apenas da biblioteca. A primeira lembrança que tenho deste acervo me remete ao ano de 1963, quando, apressadamente, íamos ao pavimento superior do então Ginásio Salesiano São João Bosco. O que se denominava biblioteca, privativa dos padres, era, em parte, a biblioteca do Pe. Cícero. Olhávamos, à distância, plena de livros bem encadernados, geralmente de grossas lombadas, diversas coleções e tomando várias estantes. Do meu conhecimento, melhor acesso a isto foi permitido a Luitgarde Oliveira Cavalcanti, então aluna de um Mestrado, na USP, com a monitoria do Pe. Antenor Andrade. Naquela data, 30 anos atrás, uma relação completa foi realizada, como tombamento preliminar do acervo, centenas de volumes, relatados com detalhes fundamentais das edições, acrescidos de comentários importantes, típicos de um caderno de campo de antropóloga. Vários anos depois, já o IPESC/URCA constituído e funcionando, este caderno foi doado ao seu acervo e, presentemente tem paradeiro ignorado. Baseado nas informações tornadas públicas pelo Pe. José Ventureli, responsável atual pelo Museu, o acervo é de cerca de 600 volumes. Das suas providências, com a assistência técnica do curso de Biblioteconomia da UFC, foi feito tombamento e higienização, devendo-se partir para a digitalização das obras. Por tudo que conhecemos, a chamada biblioteca do Pe. Cícero nunca foi só isto. Podemos dizer, sem medo de errar, que ao tempo de sua morte (20.07.1934), ela era também integrada pelo acervo do prof. José Marrocos, recebido após a sua morte (1910), de acordo com relato fidedigno do então juiz de direito de Crato. Esta biblioteca era também constituída por um vastíssimo acervo documental, posto a conhecimento público por Ralph della Cava (1970) e atualizado por Pe. Antenor (1977), já evidenciando perdas e danos, entre omissão e intencionalidade de gente inescrupulosa. Os diversos visitantes que se abeiraram à casa do Pe. Cícero não deixaram de reconhecer que ali encontravam um acervo marcada por uma pluralidade de interesses, entre Religião, Agricultura, Geologia, História, Paleontologia, Botânica, Medicina, Farmácia, etc. Acrescente-se a isto a sua curiosidade permanente e o acolhimento continuado a objetos levados pelos romeiros, oriundos dos mais distantes locais do Nordeste, entre minerais, animais empalhados, ossos, sementes, fotografias, mapas, materiais, documentos, etc. Não bastasse essa intenso intercâmbio, Pe. Cícero era assinante regular de revistas especializadas e jornais da grande imprensa, cearense e brasileira. Quase tudo isto desapareceu, mercê da nossa ignorância em não ter, a seu tempo, dado um basta à indiferença destes anos, o que só degradou nossa pobre memória. Ao parabenizá-lo, peço-lhe, encarecidamente, Pe. José Ventureli, que dê seqüência a este trabalho tão importante, devolvendo ao povo da grande nação romeira, o que ele sempre soube que era parte do seu patrimônio histórico, até então esquecido, como se nada valesse. 
(JUANORTE, 29.03.2009)

UMA LUZ NO FUNDO DO TÚNEL
Ultimamente, o Pe. José Ventureli (SDB) tem encontrado “tanta coisa” no velho casarão do Museu, derradeira residência do Padre Cícero (Rua São José, 242) que até não ficarei surpreso se ele de lá desenterrar uma “botija”. Não foi isto, ainda. Foi um “túnel”- assim se diz, algo um tanto enigmático para aquela construção. Em verdade, em verdade vos digo, que há mais de cinco anos esta conversa já chegara à casa do vigário Murilo, que ria à beça com a fantasia de que o “túnel” ligava o Museu à Matriz de Nossa Senhora das Dores, uma das primeiras versões do fato. As demais, e por último, na redescoberta, falam que é um simples local para estocar produtos agrícolas, uma reclusão para a beata Maria de Araújo, ou quem sabe, um acesso privilegiado, secreto para as visitas de Lampião e um esconderijo ou depósito de armas. Não dá para concorrer com a mente fértil do povo. Na exploração destas hipóteses, aceitação ou rejeição, será necessário, antes de uma investigação minuciosa no local, por “gente entendida”, ponderar algumas coisas. Pe. Cícero morou na Rua São José por um longo período, embora só tenha usado o casarão por dois ou três anos antes de sua morte. Não havia nada além dos quintais destas casas (onde se acha até caixa d´água construída em 1906), entre o início da rua e o atual cruzamento com a do Cruzeiro, senão o brejo. Pedro Silvino de Alencar, um “lugar tenente” dos movimentos armados em Juazeiro, especialmente 1913-14 e 1926, passou a residir na Rua, por volta de 1926, quando compra o terreno que pertencia ao Pe. Cícero (Joana Tertulina de Jesus). Aí ele constrói a casa que fica no número 268 (depois residência da família Germano), hoje um Rancho na propriedade do Sr. José Benedito, cuja escritura ainda menciona, herdeiros de “Pedro Silvino de Alencar”. Consta também que Pedro Silvino tinha outros terrenos nas proximidades da Rua São José. Foi ele peça importante do trânsito de material bélico, nos dois movimentos (Sedição e Batalhão Patriótico), pessoa da inteira confiança de Floro, por quem o governo federal enviava armas para o Cariri. Pedro Silvino era esta pessoa a quem cabia guardar este armamento que, convenhamos, não poderia nunca ficar exposto à visitação pública ou em espaço de acesso facilitado. Foi lembrado, noutro dia, que na antiga sede da Celca, na Rua São José, 170, propriedade que abrigava uma máquina para descascar arroz, pertencente ao Pe. Cícero, ali pelos anos 70, na obra da sede, foram encontrados pentes com balas de rifles de repetição e até caixotes de munição, entregues às autoridades da 10ª RM, que as detonou completamente. O terreno em que se encontra esta construção misteriosa é contíguo ao muro da antiga casa de Pedro Silvino de Alencar. E isto reforça a possibilidade de que não seja um túnel, mas um fosso para guardar temporariamente o armamento recebido, especialmente em 1926, na preparação do Batalhão. Meu avô, Antonio Alves Casimiro foi a pessoa que prestou serviço a Floro para o transporte do pessoal, armas e munições. Disto há até registro na execução do testamento do Pe. Cícero, no relato minucioso de Paulo Machado. A questão não deve ficar assim, por diversos motivos. Em primeiro, esclarecer o fato, para – quem sabe, enseje aos Salesianos uma melhor atenção sobre o casarão e seu potencial como atrativo turístico. Na véspera disto, caberá a eles permitir uma boa investigação com engenheiros, historiadores e até especialistas em arqueologia histórica. O IPHAN-CE, provavelmente, estará à disposição para colaborar. 
(JUANORTE, 05.04.2009)

A CAUSA DO AEROPORTO DO CARIRI
Enquanto a reforma do Aeroporto Regional do Cariri passa para uma quinta prioridade (depois do Internacional Pinto Martins, em Fortaleza – pelo motivo da competição por uma sub-sede da Copa do Mundo; o de Jericoacoara – pelo forte interesse do Trade Turístico; o de Aracati – pelo empenho desmedido do Secretário de Turismo por sua terra; e o de Iguatu – com arremedos, para que não apodreça de vez, continuamos assistindo a um grande vexame, de uma sucessão de enganações. Assim parece, sejamos críticos e realistas. Para nos esclarecer e o fazê-lo a quem nos põe fé, é necessário responder a algumas indagações. Porque se tentou, e até se disse que as obras estariam sendo iniciadas neste 2009, se nem projeto ainda há para tal finalidade? Porque as autoridades estaduais perpetraram a estupidez de perder verba vultosa, anteriormente designada para esta finalidade? Porque é permitida a operação de um equipamento aeroportuário sem a devida homologação na instância competente, mesmo que se diga que o tráfego e as operações são de grande segurança? Porque não se dá a devida atenção a este enorme sucesso do destino, pois o Aeroporto vem apresentando, em que pese as suas más condições de Terminal, uma performance invejável, reconhecido pelo próprio Infraero? Por que será, finalmente, que estas empresas aéreas enxergam o Cariri como uma das regiões mais expressivas na emergência de novos destinos, com toda uma gama de nichos (turismo religioso, ecológico, científico, etc, etc, além, naturalmente das importâncias comerciais, industriais e do pólo de educação)? Para nós, usuários, porque nem prefeito, nem governador, nem mesmo a oposição atual vem a público, de forma sensata e equilibrada e expõe com clareza as dúvidas que nos assolam? O fato é que estamos fartos de tanta irresponsabilidade e o descaso com os nossos interesses diante do serviço que pagamos, e pagamos bem, pois é o que pedem, antecipadamente, para um péssimo serviço. Por estes dias, a chegada ao Ceará de uma nova operadora de serviços aéreos reacende a questão de uma malha aérea regional, onde certamente – embora o Aeroporto Regional do Cariri não seja nem mencionado de longe, diante do charme do Governo Estadual para com Aracati e Jeri. Há uns dias, com certa estranheza, li um informativo da Infraero, pela grande imprensa do Sul, que fornece detalhes para a pauta de investimentos na malha de aeroportos, nas cinco regiões do país. O total previsto é de R$ 7,89 bilhões. O Aeroporto de Fortaleza é ali citado com o projeto de um novo terminal, vias de acesso e nova torre de controle. A perspectiva é que, só a área de atendimento será quadruplicada. Quanto ao Aeroporto Regional do Cariri, a despeito de tantas atenções, entrada e saída de operadoras, badalação da classe política governamental e a pressão possível da sociedade, através de representação parlamentar e empresarial, simplesmente, não está na pauta. Enquanto isso, na “sala de justiça”, espera-se que a decisão mais municipal seja de bom senso com respeito ao que é de sua competência, com respeito à via de acesso, algo como a ampliação de espaço urbano que sirva de estacionamento, compatível com o grande esforço do Infraero local em prover melhor organização das filas, mais bancos para o usuário sentar, devidamente refrescados por alguns ventiladores. Já não é pouco para nossa imensa paciência. (Na foto, por falta de um, a nossa sugestão para um Projeto Arquitetônico, “arrogante”, para o nosso Aeroporto Regional do Cariri). Feliz Páscoa a todos, na paz do Senhor.
(JUANORTE, 12.04.2009)

MEMORIAL PADRE CÍCERO
Não lhes soaria como novidade se lhes asseguro que morro de amores pelo Memorial Padre Cícero, embora muito pouco tenha feito por ele. Em pouquíssimas oportunidades, um prefeito de plantão não teria feito coisa melhor pela conservação de nossa memória histórica. Aliás, paradoxalmente, recai sobre os prefeitos, na omissão e vassalagem das câmaras, algumas das reclamações que ainda continuaremos a fazer pelo fato devastador de como, e arbitrariamente, são feitas intervenções sérias em alguns espaços urbanos do que deveríamos ainda hoje preservar. O Memorial, que guarda na sua essência esta ligação profunda entre a cena antiga e o espaço modernoso de arquitetura questionável, é uma exceção a esta regra. Não demorou muito, as alas que ali foram reservadas se mostraram reduzidas para comportar um conjunto riquíssimo de objetos, funções e serviços. Muito cedo, viu-se que a arrogância de então esbarrou numa concepção de espaços que eram tão generosos, a ponto de se conceber hoje a necessária ampliação do conjunto, sem o receio de abusos e da produção de um monstrengo. Por estes dias, ouço falar de uma certa verba esperada, coisa de 200 mil reais do IPHAN, se o projeto for aprovado, uma ninharia para as dimensões de Juazeiro Norte (tantos anos depois da inauguração do Memorial) e do real significado que o equipamento inspira e representa. Quando o Memorial foi sendo instalado, eu tive o enorme prazer de ter contribuído com a sua biblioteca e com a quase totalidade daquelas fotografias lá expostas. E vez por outra não me esqueci dele. Com o passar do tempo fui vendo que pessoas, ou por ignorância ou por falta de escrúpulos, atentaram contra aquele patrimônio e até deliberadamente fizeram sumir dali alguns dos itens da guarda cuidadosa que se fazia necessária. Paciência ! O mundo velho é assim: lutamos para corrigir seus desvios. O que se espera é que o Memorial Padre Cícero, agora “sob nova direção”, continue cumprindo fielmente a guarda zelosa do patrimônio cultural que ele representa pelo conjunto do seu acervo, cada vez maior e disponível para a visitação permanente das populações do Nordeste. Não há dúvida qualquer que para a sua melhor funcionalidade e cumprimento dos seus objetivos, ele precisa de mais espaço. Ampliá-lo só seria possível, sem o risco do ridículo, com um Anexo. Uma idéia que poderia ser perfeitamente adotada, e que vem de longa data, pelo menos do meu conhecimento, é a anexação do velho e respeitável Grupo Escolar Padre Cícero (construção dos anos 20), na mesma praça do Memorial. A sua recuperação e adaptação ensejaria uma maior abrangência das ações do Memorial, com respeito a exposições permanentes ou eventuais, talvez até comportando o Museu do Centenário - que já começa a ser falado, um Teatro de Bolso, uma Biblioteca especializada em assuntos nossos, um novo espaço cultural para a cidade, além de salas para realização de eventos, permitindo que o Memorial possa funcionar como um pequeno Centro de Convenções, retirando a maior freqüência do uso do seu grande auditório. Das coisas concretas que a Comissão do Centenário poderia, pelo menos analisar, uma seria esta necessidade do nosso Memorial, não só carente de novas cadeiras, melhorias nas instalações, ar condicionado, carpete e novos livros, mas também, e principalmente, a sua melhor adequação ao papel para o qual foi criado. Que não seja só um depósito para guardar velharias que tanto gostamos de ver, mas que acenda em cada um de nós o imenso orgulho de ver aí parte desta nossa caminhada centenária. 
(JUANORTE, 19.04.2009)

TURISMO EM JUAZEIRO
Não obstante a nossa concordância com as idéias postas, e que reforçam a continuação do forte destino local como centro de Romarias, é indiscutível que a cidade experimenta novas e salientes tendências para o fortalecimento do turismo regional, montado numa matriz que se espalha por negócios, ecoturismo, cultura, memória, história, patrimônio, religiosidade, ensino superior, etc. Gradualmente, a futura Região Metropolitana do JUABC, e especialmente Juazeiro do Norte, vai aprimorando sua competência para fazer face às demandas de tantos milhões de visitantes. Mas, convenhamos, a timidez das iniciativas privadas é acompanhada com um pé atrás, da parte dos governos. Falta-nos, para começo de conversa, diretrizes básicas que orientem este caminho: a eleição fundamental de prioridades bem conceituadas e fundamentadas para consolidar o sucesso desta vocação. São decisões oficiais que devem estimular as atenções para que os investimentos sejam mais atraentes, espontâneos, fluidos e eficientes. Por isto mesmo, salta aos nossos olhos a “fartura” da fatura. Como fica mais fácil enxergar o outro lado da questão, faltam-nos equipamentos que viabilizem o satisfatório receptivo que garante a fidelidade do usuário. Nós mesmos, por diversas vezes, temos referido com grande freqüência e energia, a alguns destes elos perdidos da cadeia. Recentemente voltamos à questão do aeroporto e de diversos problemas urbanos. Faltam-nos equipamentos turísticos que promovam um novo atrativo, pela dinâmica destas novas exigências do consumidor, exatamente porque o seu próprio perfil, tão dinâmico, tem sido alterado substancialmente nos últimos tempos. Alguns centros notáveis de turismo regional no mercado brasileiro já encontraram boas fórmulas para encantar o seu visitante. Ele precisa ser bem tratado. Em princípio, basta a observância mais primária de atos civilizados. Nem é necessário mergulhar mais fundo nas suas idiossincrasias, pois isto não tem fim. Sempre aparecerá alguém que ficará insatisfeito. Mas, por boa norma, teremos feito o principal. Quando me lembro da advertência: muita História e pouca Geografia (Pe. Murilo), logo me ocorre a certeza de que ainda temos um longo caminho para percorrer, de forma a dotar a cidade com suportes adequados a estas necessidades. Temos uma História rica que é pouco mostrada. Mesmo porque já cuidamos de destroçar velhos sítios históricos de nossa memória. Daí a oportunidade para restaurar o que ainda é possível e montar novos espaços culturais e equipamentos museológicos. Felizmente, neste particular, parece-nos que não atravessaremos o caminho para um segundo século, sem decisões concretas como as que começam a ser gestadas por Universidade, Igreja, Municipalidade, etc. Penso que nossas ilusões, todas, cairão por terra, se ao lado disto não for implementada uma decisiva ação educacional que nos prepare para esta mais auspiciosa investida. A nossa função hospitaleira tem que ser revista, pois ninguém fica de fora de qualquer estratégia, diante destes objetivos. Não basta fazer a cabeça do reitor da Basílica, do diretor do Campus, dos senhores padres e do gestor municipal. Todos estamos envolvidos e cada um tem o seu papel, uma cota particular que contribui para o sucesso do que esperamos do turismo regional. A ninguém interessa que continuemos a ser uma gente sem escrúpulo que só explora os que nos visitam, sem nada de melhor a lhes oferecer, ainda que tanto lhes seja negado. 
(JUANORTE, 26.04.2009)

O MAU CHEIRO DA MEMÓRIA
Presenciei, e até documentei com bons registros fotográficos, algumas das mais graves e perversas intervenções na paisagem urbana de Juazeiro do Norte, nos últimos trinta anos desta nossa pretensa modernidade. Lembraria, num relance, a descaracterização do entorno da Basílica Menor, como as ruas da Matriz e do Brejo, com parte sumida do mapa. Lembrarei também a destruição dos sobradões da Praça, um dos quais mais de perto, o que serviu de morada às famílias de Antonio Gonçalves Pita e de Propércio Nogueira e o sobrado da velha Prefeitura na esquina da Rua Pe. Cícero, as residências de José Pedro da Silva, de Conserva Feitosa, de Manoel Germano, de Dr. Dinis, de Ângelo de Almeida, o sobrado de João Mendes de Oliveira, Enfim, péssimas recordações, para não falar da caça aos “bequinhos”, aos prédios velhos – caindo aos pedaços, como se costuma dizer e justificar. Maus e evidentes sinais dos tempos. Por estes dias tomei ciência de que a grande morada de dona Lili e Felipe Neri da Silva, na Rua Pe. Cícero, também teve que ceder às necessidades do centro da cidade. Desta vez, não tive a chance de fotografá-lo e espero que alguém o tenha feito, nos deixando uma bela lembrança daquele recanto. Pode ser que ainda haja quem possa associá-lo à ausência marcante de Felipe, tragado para sempre em trágico acidente aéreo na Guanabara. A falta que Felipe Neri causou ao Juazeiro não se pode descrever facilmente. Aliás, por estes dias ele está sendo lembrado pela família e a isto também deveríamos todos nos associar, pois Felipe Neri da Silva (* Juazeiro do Norte, 30.04.1908; + Rio de Janeiro, 24.06.1960) era um cidadão juazeirense como poucos e deixou uma marca imperecível. Quando, por circunstâncias várias, temos que ceder às injunções de uma cidade que cresce e demanda soluções urbanas vigorosas, nem sempre são as razões do coração que prevalecem. É preciso decidir de maneira sensata, assumindo as responsabilidades que o fato implica. Por vezes, falar e tocar nesta chaga da memória, para muitos, pode parecer ato leviano, infelizmente. Nem sempre estamos mexendo em coisa mal cheirosa. Mas, para tudo há uma disfarçada justificativa, como a que protelamos tanto a assumir a nossa condição presente de liderança regional inconteste e que beira os nossos anseios de metrópole, que nos descuidamos de quase tudo, como isto – o de não ter muito a contar de nossa paisagem quase morta, num centro de mesmissimos atropelos, já tão comuns aos centros de cidades de médio porte, de modo particular, dos sinais dos tempos que marcaram nossa existência, aquilo que haveríamos de reconhecer imperecivelmente como os locais da memória, como estes velhos prédios moribundos. O que será nos próximos dias, dentre outros, dos casarões dos Viana, dos Couto, do quase futuro Bispado, do Abrigo dos Velhos, do resto do Orfanato, da Casa Grande dos Bezerra, e de tanta coisa mais? As necessidades da cidade, por exemplo, novos espaços para estacionamentos, estão pressionando seus proprietários para uma rápida solução. No dia em que pensarmos em Patrimônio Histórico, nada haverá para preservar, graças a Deus. Teremos dado um grande paço para nos libertar dessa mania insignificante de lembrar datas, fatos e personagens, dos quais nos disseram que eram importantes, e que deles até já nos falaram e escreveram. Essas lembranças nos incomodam porque nos habituamos a pensar nesta nossa pobre terrinha, tão desmemoriada na mente e no coração de sua gente, incapaz de subverter esta regra geral que nos põe na contra-mão da pós-modernidade. Lembrar isto tudo até fede. Se há algum lenitivo, lembremo-nos do poeta Carlos Drummond de Andrade, em cujo espólio literário se lê a expressão: Abre os vidros de loção e abafa o insuportável mau cheiro da memória.
(JUANORTE, 03.05.2009)

SOCORRO AO CORAÇÃO DO JUAZEIRO
“Custa a acreditar que a praça da Liberdade, de 1911, a praça Almirante Alexandrino de Alencar, de 1925, e a praça Padre Cícero dos nossos dias, sejam a mesma coisa. A mesma praça, como território que identifica a nossa juazeirensidade. Revejo velhas fotografias para me inteirar que o tempo passa, mas o nosso melhor deste espaço urbano vai ficando numa herança de pais para filhos. O que me leva de volta à praça são verdadeiros ícones, ou seus símbolos mais importantes. Sem uma ordem de entrada em cena mas, em primeiro lugar, o espaço largo de minha memória, por onde corriam crianças(e, felizmente ainda correm); os bancos generosos por sobre os quais rolam as conversas dos jovens e dos velhos(e, felizmente ainda rolam); a coluna da hora e seu imponente tributo a mestre Pelúsio Correia de Macedo, o velho relógio que ainda bate as horas, mas que ainda poderia assinalar meses e fases da lua( e, felizmente sobre a praça ainda há a lua); o velho Joazeiro, frondoso e sem espinho, por onde nos abrigamos do sol brilhoso de quase todas as manhãs de Domingos(e, felizmente ainda há o abrigo, o sol e os Domingos); a estátua do Patriarca, na referência central, para onde simbolicamente tudo converge(e, felizmente há o padrinho e esta referência que nunca haveremos de perder). Talvez, portanto, eu deva concluir que temos tudo, não perdemos nada. Ou nada que nos preocupe. Ledo engano. Vejo com tristeza que a velha praça esta decadente. Melhor, ou pior: não o seu centro, o seu cerne, a sua essência. Mas, a sua periferia, a vizinhança péssima da exploração de tudo, e da omissão de muitos. Me falam, à distância, de violência, de selvagerias, de prepotência, de abusos, no contorno da praça. Falta de vergonha na cara, de quem de direito. Medo e temores na hora de contrariar poucos interesses, diante da tranqüilidade necessária, pela qual espera a população. Medo de ir lá e tomar armas da chamada “gente importante”. Temores em determinar o fechamento de barracas, quiosques e espeluncas que depõem contra essa baderna, esta babel de finais de semanas, com repercussão forte por todos os outros dias. Receios em ir lá para impedir o consumo de drogas, os exageros do álcool e as mazelas do relacionamento livre na via pública. Sem falso moralismo, mas isto não pode imperar nesta desordem urbana, onde sequer se reconhece alguém que nos ajude para conter tantos excessos. É preciso levar para lá, permanentemente, música, teatro, folclore e um entretenimento saudável, e que nos enriqueça social e culturalmente. A praça está exigindo do poder público um ato de grandeza que o restaure como das coisas mais dignas dos cidadãos desta cidade.” Até aqui já estava escrito. Não é de hoje, já havia saído num jornal da cidade em 06.07.1999. Dez anos já passados. Resolvi voltar a este assunto, pois mesmo não sendo profeta, e principalmente em minha terra, me espanta que isto ainda seja tão verdadeiro. Quantos prefeitos já passaram, felizmente? Agora todo mundo tem, mesmo na vergonha que se configurou com duas reformas em tão pouco tempo, a velha praça com o sendo uma das nossas preocupações. É nosso umbigo, nosso coração, nossa cabeça, nosso quase tudo. Mas, ninguém leva a sério. E pensar que isto, de tão desmoralizado, já foi o berço de nossa emancipação... Nem parece que só decorreram cem anos.
(JUANORTE, 10.05.2009)

RECONHECIMENTO
Duas instituições foram reconhecidas como de Utilidade Pública pela municipalidade juazeirense. Vejamos os atos já publicados no Diário Oficial: 

LEI Nº 4.854, de 16.05.2018: Reconhece de Utilidade Pública a Comunidade Evangélica Gileade – C.E.G e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará, no uso de suas atribuições legais que lhe confere o art. 72, inciso III, da Lei Orgânica do Município. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1° Fica reconhecida de Utilidade Pública a Comunidade Evangélica Gileade – C.E.G., constituída uma associação religiosa, fundada em 19 de janeiro de 2009, por tempo indeterminado, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, sem fins lucrativos, composta de número ilimitado de membros, que adota como finalidade a celebração do culto a Deus e a divulgação do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme explícito nas Escrituras Sagradas, sua única regra de fé e prática, utilizando-se de todos os recursos lícitos ao seu alcance, reger-se-á por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Art. 2° A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Ficam revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 16 (dezesseis) dias do mês de maio de dois mil e dezoito (2018). José Arnon Cruz Bezerra de Menezes Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereador Francisco Demontier Araújo Granjeiro; Coautoria: Vereador Damian Lima Calú. 

LEI Nº 4.855, de 16.05.2018 Reconhece de Utilidade Pública a Organização Não Governamental – ONG – Nossa Senhora das Graças Unidas para pessoas carentes de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará, no uso de suas atribuições legais que lhe confere o art. 72, inciso III, da Lei Orgânica do Município. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1° Fica reconhecida de Utilidade Pública a Organização Não Governamental – ONG – Nossa Senhora das Graças Unidas para pessoas carentes de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, fundada em 28 de março de 2018, por tempo indeterminado, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, sem fins lucrativos, tem por finalidade prestar apoio, orientação e acompanhamento às famílias assentadas em áreas públicas ou privadas em território estritamente urbano, no raio geográfico compreendido dentro dos limites e dentro das confrontações territoriais de Juazeiro do Norte/ Ce., reger-se-á por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Art. 2° A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Ficam revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 16 (dezesseis) dias do mês de maio de dois mil e dezoito (2018). José Arnon Cruz Bezerra de Menezes Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereador Antônio Vieira Neto
UFCA: AUDITÓRIO BEATA MARIA DE ARAÚJO
A Universidade Federal do Cariri (UFCA) acaba de baixar uma Resolução para denominar seus dois auditórios, no Campus da Cidade Universitária. Veja o ato baixado pela Reitoria: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI CONSELHO SUPERIOR PRO TEMPORE RESOLUÇÃO Nº 14/CONSUP, DE 17 DE MAIO DE 2018 Dá denominação aos auditórios localizados no Campus da Universidade Federal do Cariri em Juazeiro do Norte. O VICE-REITOR, NO EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA DO CONSELHO SUPERIOR PRO TEMPORE, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI, Juscelino Pereira Silva, no uso da competência que lhe confere a Portaria nº 52, de 01 de fevereiro de 2018, do Gabinete da Reitoria, combinada com a Resolução nº 02/CONSUP, de 30 de janeiro de 2014, o artigo 25, alínea “s”, do Estatuto em Vigor da UFC, instituição tutora da UFCA e com o Termo de Transmissão de Cargo emitido pelo Gabinete da Reitoria, em 14 de maio de 2018. CONSIDERANDO o Memorando nº 82/2018/DCOM/UFCA , de 04 de maio de 2018; CONSIDERANDO a documentação do Processo nº 23057.001367/2018-04. R E S O L V E: Art. 1º O auditório localizado no Bloco E, piso inferior, Campus Juazeiro do Norte, passa a denominar-se “Auditório Bárbara de Alencar” Art. 2º O auditório localizado no Bloco H, térreo, do Campus Juazeiro do Norte, passa a denominar-se “Auditório Beata Maria de Araújo”. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data da sua aprovação, revogadas as disposições em contrário. JUSCELINO PEREIRA SILVA Vice-Reitor no exercício da Presidência do Consup
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 31, às 19:30 horas, dentro da Sessão GRANDES ROMANCES, o filme DESDE QUE PARTISTE (Since you went away, EUA, 1944, 172 min). Direção de John Cromwell. Sinopse: Segunda Guerra Mundial. Depois que o marido parte para o front, Anne Hilton decide alugar um cômodo de sua casa para o coronel Smollett. Além de todas as privações típicas de um período de guerra, ela tem de enfrentar as inconveniências de um caso de amor entre sua filha Jane e o neto do coronel.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 1º às 19:30 horas, dentro da Sessão OSCAR DE MELHOR FILME, o filme CONDUZINDO MISS DAISY (Driving Miss Daisy, EUA, 2003, 100 min). Direção de Bruce Beresford. Sinopse: Atlanta, 1948; Uma rica judia de 72 anos (Jessica Tandy) joga acidentalmente seu Packard novo em folha no jardim premiado do seu vizinho. O filho (Dan Aykroyd) dela tenta convencê-la de que seria o ideal ela ter um motorista, mas ela resiste a esta idéia. Mesmo assim o filho contrata um afro-americano (Morgan Freeman) como motorista. Inicialmente ela recusa ser conduzida por este novo empregado, mas gradativamente ele quebra as barreiras sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma amizade que atravessaria duas décadas.
CINE PARAÍSO (FAP, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade Paraiso do Ceará (FAPCE) está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri, embora seja restrito aos alunos desta Faculdade. As sessões são programadas pelo NEAC (Núcleo de Extensão e Atividades Complementares) para um sábados por mês, de 8:30 às 11:30h, na Sala de Vídeo da Biblioteca, na Rua da Conceição, 1228, Bairro São Miguel. Informações pelo telefone: 3512.3299. Neste próximo mês de junho, dia 2, estará em cartaz, o filme ESTRELAS ALÉM DO TEMPO (Hidden figures, EUA, 2016, 127 min). Direção de Theodore Melfi. Sinopse: 1961. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputavam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte. É lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.
IMAGENS ESQUECIDAS (XXXIX)
Vejam o que era a comunidade local das Irmãs de Jesus Crucificado, nos anos 50 (sem precisão da data). Eram as devotadas criaturas dedicadas a inúmeras ações sociais no então Dispensário, mas principalmente no antigo Ginásio Santa Teresinha, depois alterado para Ginásio Monsenhor Macedo. Lamento também não saber o nome de cada uma dessas irmãs, senão aquelas com as quais eu pessoalmente tive algum contato, a saber: Irmã Maria Neli Sobreira da Silveira (sentada na fila da frente, a segunda da esquerda para a direita) e a Irmã Alicantina ( de pé na última fila, ao centro). Se alguém puder identificá-la, muito agradeceríamos. Portanto, informações nessa coluna pelo e-mail, ou por comentários.
IMAGENS ESQUECIDAS (XL)
Há algum tempo atrás expusemos aqui uma imagem do Quartel da Polícia Militar em Juazeiro do Norte. Isso a propósito de que a municipalidade estava interessada em restaurar-lhe a fachada, além da reforma em seu interior para melhor acomodar os artesãos em torno do Centro Mestre Noza. Ocorre, como sabemos, que em decorrência do incêndio do Mercado Central, no inícil dos anos 70, houve uma apropriação da área externa do prédio, pela ocupação das antigas celas da cadeia. Hoje, é impossível e seguramente a PMJN não tem mais interesse em gastar dinheiro pelo que está acomodado a novos donos. Mas, aí está como era imponente, em um tempo em que nada havia para nos atrapalhar até numa simples contemplação.
IMAGENS ESQUECIDAS (XLI)
Eis o ruge-ruge da velha feira semanal, aos sábados, durante totó o dia, na Rua São Pedro, aqui vista em flagrante de 1938, a partir da Rua Santa Luzia. Os vendedores de produtos agrícolas, alimentos, utilidades domésticas, ferragens, etc, estendiam no leito dos vários quarteirões desde a antiga Rua São João (hoje Alencar Peixoto) até a Praça Pe. Cícero que era praticamente toda rodeada por feirantes. O crescimento do mercado varejista da cidade, a construção de novos mercados e a própria pressão dos comerciantes foi preparando a decisão de extingui-la. Mais que isso, depois foi criada a semana inglesa e o período da tarde foi incorporado ao repouso semanal do domingo. Mas a feira deixou muita saudade depois de sua extinção. Há ainda quem as frequente rotineiramente, até dia a dia, no entorno de alguns pólos, como no João Cabral, no Pirajá, ao redor do Mercado Central, etc. Poucas são as feiras que ainda existem como aquela que parcialmente pode ser vista nesta foto. 
A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (II)
Estamos continuando a publicação de efemérides da história de Juazeiro do Norte, agora em sua segunda edição, referente aos dias 27 de maio a 02 de junho.

27 de Maio de 1914: 27 de maio – Carta do Abade do Mosteiro da Serra do Estevão em Quixadá, D. Rudolph ao Pe. Cícero, pedindo para o mesmo concluir sem demora a compra da Fazenda e dispor depois das terras como achar mais acertado. Explica que não recebeu o arrendamento do ano de 1913, 700$00 e que provavelmente não vai receber de 1914; por tudo isto, pede para o Pe. Cícero não diferir por mais tempo a conclusão da compra. Ass. D. Ruperto Rudolph Abade.

28 de Maio de 1897: 28 de maio – José Lobo retorna à Roma indo por Portugal para apelar do novo Decreto. José Marrocos ficou em Crato preparando versões para o italiano dos principais documentos relativos à questão religiosa de Juazeiro, que o Pe. Cícero deveria levar consigo numa eventual viagem à Roma, para prevenir que remetessem uma tradução falsa. Tudo isto foi feito sem o consentimento do Pe. Cícero que também reprovou o fato de Marrocos haver mandado publicar cópia em italiano de vários documentos e de um relato dos milagres do Juazeiro no “Giornale di Roma” ao protesto do Pe. Cícero, ele (Marrocos) respondeu: “mando por minha conta e risco”. D. Joaquim censurou acremente o Pe. Cícero por essa publicação.

29 de Maio de 1910: “O Rebate” publica artigo assinado por Flávio Gouveia, pseudônimo de Dr. Floro. Num dos trechos ele diz: “É quase uma lenda referir-se ao progresso espontâneo por que tem passado esta terra, que, como avalanche, tende cada dia, a pouco e pouco, a suplantar outros lugares que se lhe antepõem cronologicamente. Entretanto, como irrisão da sorte, o Juazeiro ainda permanece na ínfima categoria de Aldeia: aí está o que irritaria mesmo os nervos de um infusório se ele os tivesse. E isso tudo é obra de uma política detestável, mesquinha, egoística, toupeira; do cel. Antonio Luiz, que está no último quartel de suas ambições desmedidas. Política que vive a perseguir homens de bem, política que tem raízes no orgulho e na presunção, que vive a explorar o trabalho de milhares de homens. Política que assim procede há de chafurdar no lodo. Sim. Porque conserva ainda o Juazeiro, quase duas vezes maior do que a cidade do Crato, que é considerada a primeira nestes sertões tórridos de 4 ou 5 estados, vizinhos, dando ao fisco um rendimento superior ao desta, na sombra do desprezo com alcunha de povoação? Triste antagonismo da sorte! É porque o Crato é o polvo que vai aurindo a seiva do Juazeiro.”

30 de Maio de 1890: O médico Dr. Idelfonso Correia Lima, importante político cearense, concluiu sua declaração dizendo que “a transformação da hóstia se devia a algum “Agente externo que eu concluo que seja Deus”. Aspas em suas palavras textuais.

31 de Maio de 1891: O jornal “A Vanguarda, de Crato, publica o folheto intitulado “Os Milagres do Juazeiro ou Nosso Senhor Jesus Cristo Manisfestando Sua Presença Real no Divino e Adorável Sacramento da Eucaristia”, cujos autores eram Donaciano de Norões Maia e José Manoel de A. Façanha.

01 de Junho de 1971: A cantora Dalva de Oliveira chega a Juazeiro do Norte e diz ter vindo visitar o túmulo do Pe. Cícero, para agradecer uma graça por ele alcançada em seu favor.

02 de Junho de 1909: O Pe. Cícero está em viagem no Rio e pede licença para celebrar, nos seguintes termos: Exmo. e Revdmo. Sr. “O Pe. Cícero Romão Batista, da Diocese de Fortaleza, tendo de demorar-se por algum tempo nesta Arquidiocese, respeitosamente pede a V. excia. Revdma., faculdade para celebrar o Santo Sacrifício da Missa durante o tempo que aqui estiver. Nestes termos P. Deferimento. Ass. Pe. Cícero Romão Batista. Despacho. Concedo licença para celebrar por 30 dias. Rio, 2 de junho de 1909. Ass. Mons. Amora – Vigário Geral. Registrado à folha 166 do liv. 22 ass. Cônego Ximenes. 

sábado, 19 de maio de 2018


JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (II)
Estamos, desde a semana que passou, reproduzindo os textos que foram por mim publicados no site JUANORTE, editado de Brasília, pelo jornalista Jota Alcides, pelos motivos já apresentados. É provável que esta publicação esteja disponível em mais seis outras edições próximas, pelo número de textos que ali foram publicados semanalmente. 

JUABC DAS ARTES
Este ano de 2008 vai ser concluído com um impressionante resultado positivo para a cultura do JUABC, especialmente para Juazeiro do Norte. No início do segundo semestre foi a vez do II BNB agosto da Arte. Um grande sucesso que se estendeu também a Fortaleza e Sousa(PB). Em novembro tivemos a 10ª Mostra Sesc Cariri de Cultura, com oito dias intensos de uma programação eclética e disseminada por doze cidades da região, principalmente Juazeiro, Crato e Nova Olinda. Nesta ocasião, a cidade ganhou mais uma sala de espetáculos, o Teatro Patativa do Assaré, que se junta às disponibilidades do Marquise Branca, do CCBNB e do Memorial. Neste início de dezembro dois fatos consolidam o final da temporada e já mostra a grande perspectiva do ano vindouro. O Banco do Nordeste, através do Programa BNB de Cultura divulgou o resultado da grande seleção de projetos que serão financiados durante 2009. Dos 2238 inscritos, de 363 cidades de 17 estados brasileiros 192 foram selecionados para todo o país, e destes, 3 foram para Juazeiro do Norte (1 no setor de Música e 2 no setor de Artes Integradas ou não-Específicas: 1. AVBEM – Associação dos Voluntários para o Bem Comum (Orquestra Armorial do Cariri); 2. Cícera de Andrade da Silva (Construção de Boneca Puxa Saco); 3. Instituto de Ecocidadania Juriti (Circo em transe). Fundada em 2004 a AVBEM desenvolve o mapeamento e o registro dos grupos e dos mestres da tradição oral da região do Cariri, com o objetivo de divulgar as tradições locais. Os artistas são convidados a gravar suas composições em estúdio gerido pela própria AVBEM e, a partir desse registro, são abertas possibilidades de ser inseridos em programações de casas de espetáculo e de concorrer em editais da área de cultura. Em 2005, a iniciativa contou com a participação de 60 artistas. Cícera de Andrade da Silva, artesã, foi selecionada porque apresentou uma proposta muito interessante de montagem de uma oficina com a qual pretende capacitar os jovens da comunidade do bairro Frei Damião, na confecção de uma bolsa utilitária a ser usada para reciclar sacos plásticos. O Instituto de Ecocidadania Juriti foi fundado em 1998 e vem contribuindo para o resgate da cidadania e da preservação do meio-ambiente. Através do desenvolvimento auto-sustentável, o instituto tem como objetivo promover o desenvolvimento de pesquisa, projetos, estratégias e programas inovadores focados em educação, meio-ambiente, cultura, desenvolvimento social e arte. O instituto mantém um Circo Escola de Ecocidadania. Dezembro também foi assinalado pelo 4º Encontro dos Mestres do Mundo e o 3º Seminário Nacional de Culturas Populares, acontecido em Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato. Foram centenas de mestres da cultura que se reuniram nas chamadas rodas de mestres para intensas e proveitosas trocas de experiências. Por fim, para fechar com chave de ouro, a Secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e o Departamento de Edificações e Rodovias (DER) do Ceará assinaram a ordem de serviço para a reforma do Centro de Referência do Artesanato do Cariri, garantindo novas oportunidades para o desenvolvimento e comercialização da arte caririense, cujos objetivos maiores são promover o artesanato caririense, a partir do estímulo à comercialização, com oficinas de capacitação dos artesãos e exposição dos produtos em uma loja da Ceart e show room do artesanato da região. 
(JUANORTE, 14.12.2008)

GOVERNO DA CIDADE
Ao que se chamou, por um bom tempo, de intendência, o século passado o requalificou e consagrou como prefeitura, na esperança de que, antes de qualquer coisa, dali se governasse, “com o povo, pelo povo e para o povo”. Não há proselitismo numa assertiva como esta, tanto assim que, na frustração de tal intento, sempre se falou de desgoverno, não se admitindo, nem como nomenclatura, o necessário e “desprefeitural” tratamento repulsivo. Assistimos, muitos de nós, em Juazeiro do Norte, diversos exemplos históricos de desgoverno. Talvez a nossa memória, normalmente de curto prazo, já os tenha como anistiados, por conformação, pois não vimos que isto alimentasse algum sentimento rancoroso e coletivo. Certamente não será muito “cristão” dizer-lhes: perdoamos, mas não esquecemos. Felizmente, a passagem rápida destes tais péssimos homens públicos que ousaram zombar de nossa ingênua boa vontade em crer que seria possível, a seu tempo, viver bem numa terra abençoada, parece que não minou completamente o nosso ânimo, a nossa crença. Em verdade, a cada nova temporada de eleição, renova-se o nosso espírito otimista de que “daqui pra frente, nada será como antes”. E seguimos a vida alimentando a nossa autoestima a partir de nossas próprias esperanças. E se já era assim, mesmo quando ainda não sabíamos o que se tiraria das urnas, como então não ficar esperançoso se a maioria preferiu mudar? Recentemente, os votos foram contados e, mais que antes, a soma refletiu esta expectativa de renovação, em busca de uma derradeira utopia expressa na ansiedade deste eleitor. O eleitorado juazeirense, este mesmo “sequioso”, para usar a expressão recente do vice-prefeito eleito, vive no aguardo de que, tal qual foi a sua intenção e o gesto concreto do voto, a administração municipal da cidade possa consolidar a sua esperança em todos os títulos que costumam proferir: no compromisso com o povo, na fidelidade e zelo à coisa pública, no combate sistemático à corrupção, na continuidade das boas obras, nas promessas de campanha e na eficiência de uma máquina administrativa que realize esta vontade popular. Ao referir deste modo, o homem comum não demonstra sua preocupação por metros quadrados de calçamento, ou por outro qualquer índice burocrático do gabinete. Acima de tudo, ele crê que o Gabinete vai estar constituído de homens competentes e confiáveis que viabilizarão o Governo que a cidade necessita, tantos são os seus problemas a encaminhar soluções. Por isto mesmo, esta tribuna modesta e que encerra alguma parcela da opinião reinante, espera sinceramente que, de fato, a nova administração se invista destes compromissos primeiros que honram a opção expressa dos seus cidadãos. Para tanto, nada melhor que não abusar de qualquer slogan de promoção pessoal ou partidária, seja de natureza mercadológica, institucional ou ideológica. Melhor será adotar aquilo que pode nos transmitir uma grande confiança nos destinos desta terra e nos seus novos gestores. Por isto mesmo, permitam-me, estou sugerindo que pelo menos nos próximos quatro anos, este respeito ao povo de Juazeiro do Norte se traduza até na nomeação dos próprios móveis e imóveis do executivo, com a designação mais acertada: Governo da Cidade de Juazeiro do Norte. Que não seja um letreiro, uma placa, uma peça publicitária. Mas que não deixe de ser o sentimento mais dominante de que os novos encarregados assumem o compromisso formal de governar esta cidade, como assim fariam por sua própria casa, diante de sua própria família. 
(JUANORTE, 21.12.2008)

POBREZA, DESIGUALDADES E ESPERANÇA
O IBGE divulgou resultados de sua pesquisa sobre pobreza e desigualdades nos municípios brasileiros, usando a Pesquisa de Orçamentos Familiares (2002-2003) e o Censo Demográfico (2000). No relatório sucinto, estimaram-se as Incidências de Pobreza e da Pobreza Subjetiva e o Índice de Gini (com os limites superiores e inferiores das medidas). Traduzindo: com a incidência da pobreza, os números procuraram quantificá-la, com critérios definidos por técnicos que analisam a capacidade de consumo das pessoas, balizado pelo acesso a uma cesta alimentar e de outros bens mínimos necessários à sobrevivência humana. Já com respeito à incidência de pobreza subjetiva, ela é expressa pela opinião dos que foram entrevistados, em vista da percepção destas pessoas sobre as suas próprias condições de vida, e isso sofre as influências da posição daquele indivíduo em um determinado grupo de referência, por exemplo, os empregados do comércio, etc. Estes dois índices, numericamente, são próximos um do outro. Com respeito ao Índice de Gini ele é mundialmente aceito para traduzir a desigualdade de distribuição de renda. Se há uma pretensa igualdade na distribuição, onde todos têm a mesma renda, ele tende a zero, e se a desigualdade é total, ele tende a 1,0 - no caso absurdo de que uma só pessoa detém toda a renda do município e o resto não tem nada. Seria desejável ter algo muito objetivo na definição de pobreza. Assim como, por exemplo, o Banco Mundial estabelece que, em pobreza extrema, está o indivíduo que vive (?) com menos de um dólar por dia. Ou, numa pobreza moderada, se isto vai de um a dois dólares/dia. Algo como até R$150,00/pessoa/mês. Pobreza, efetivamente, é a imagem da exclusão social, o que nos priva das nossas necessidades diárias de alimentação, de emprego e renda, vestuário, habitação, educação, etc. Aquilo que, enfim, de uma maneira perversa, limita o exercício de nossa cidadania. Os números de Juazeiro do Norte nesta pesquisa foram os seguintes: Incidência de Pobreza, 52,14% (variando entre 46,18 a 58,10%); Incidência da Pobreza Subjetiva, 51,86% (variando de 48,41 a 55,31%) e Índice de Gini, 0,46 (variando de 0,44 a 048). Aplicando estes valores para o Censo Demográfico (2000), o IBGE constata que, já em 2003, viviam a condição de pobreza, cerca de 110 mil juazeirenses, embora um pouco menos tenha “confessado”, de modo subjetivo, a sua inclusão nesta condição. Sobre o Índice de Gini, do qual tiramos o coeficiente médio de 46%, isto nos informa, mesmo defasado pelo tempo, que tem havido uma evolução favorável à redistribuição de renda no município. Em 1991, por exemplo, o coeficiente era de 60%. No período houve um crescimento do PIB per capita, para cerca de R$280,00 por habitante/mês. Mas, isto exclui quase a metade dos viventes. Eis aí um quadro preocupante. De certo modo, previsível diante da observação cotidiana, com cenário de ausência de políticas públicas que fomentem a oferta de vagas no mercado de trabalho, privilegiando, pelo menos, renda compatível com as necessidades básicas. Tudo isto, evidentemente, exacerbado pelo desemprego crescente, pela violência urbana, pela falta de horizontes nas nossas crianças fora da escola, a insensibilidade, ou por vezes, a impotência dos (des)governos municipais. Basta. Já é desgraça demais para lembrar o nosso compromisso e a nossa responsabilidade social com este estado de coisas. Afinal, mais uns dias e Juazeiro do Norte estará experimentando a convivência diária com seus novos gestores, gente em quem reconhecemos a boa vontade e a sensibilidade para encarar problemas tão angustiantes como estes. Que isto signifique um novo olhar sobre estas questões, e uma nova postura de intransigência na defesa dos interesses daqueles que não fizeram parte do pacto político. Com todas as nossas esperanças em um novo ano, sejam bem vindos, pois. “A casa é nossa”. Vamos arrumá-la ?
(JUANORTE, 28.12.2008)

CENTENÁRIO E NOSSA CIDADANIA
A iniciativa de tratar do Centenário de Juazeiro do Norte (22.07.2011) partiu de um gesto comum entre os gestores que saem e os que entram para o Governo da Cidade. A primeira atitude foi a de convocar algumas pessoas para sentir-lhes o sentimento sobre aquilo que poderá ser, literalmente, a festa do século. Logo nos primeiros contatos, temos assistido às naturais tentações de se percorrer alguns caminhos apressados. Primeiro, pontuar o que seria a programação celebrativa por uma série muito longa de eventos que assinalariam o acontecimento, tal é a fertilidade das nossas mentes ansiosas, as dos convidados. Segundo, constituir a formalidade de uma comissão que coordene todas as ações, fazendo-a ligada ao executivo municipal, que lhe atribuiria autonomia estribada por colegiado responsável e competente. Ainda é possível dizer-lhes de terceiro, quarto e mais. Mas, fiquemos por enquanto com estes, apenas para indicar alguns avanços nos primeiros passos. Pelo privilégio que concederam no convite e na audiência, apressei-me em considerar-lhes a oportunidade como extremamente valiosa para uma boa reflexão sobre o que temos sido e para onde desejamos levar nossa terra. A celebração, e nisto a minha absoluta concordância com a idéia vigente (Daniel Walker, como mentor) de que os eventos devem se estender por muito mais que um só dia, ou uma semana, ou um mês. Em vista de coisas não resolvidas por estes anos, Juazeiro do Norte acumula hoje em dia uma pauta de imensas frustrações na sua caminhada. À visão mais pessimista, celebrar o que(?) e para que(?). Fácil é reconhecer que somos uma comunidade de grande desempenho, diante desta conjuntura de Estado do Ceará. Este desempenho hoje tem ingredientes consideráveis pelo mercado expressivo que o município e sua área de influência representam. Assim, nada mais justo que aproveitar este ensejo centenário para repensar o modelo de gestão da coisa municipal, para que, enfim, se promova um planejamento adequado para suas grandes e imperiosas demandas. Por exemplo, o que se desenha hoje para Juazeiro do Norte, às vésperas dos seus primeiros cem anos? O que será deste centro de romaria em vista das tendências reinantes do turismo, dito religioso? Para onde caminha, mais timidamente o seu pólo de industrialização, ao lado de um acentuado progresso do comércio, seja varejista, seja atacadista, e do terceiro setor? O centro universitário que emerge com extremo vigor, através da oferta de uma matrícula invejável para dezenas de carreiras universitárias, seria uma boa alavanca para alterar a tendência de mercado mais voltado para a prestação de serviços profissionais qualificados, ou isto deixaria um saldo mais evidente, com vistas a um marco avançado em ciência e tecnologia? Que futuro espera este aglomerado urbano pela falta de um zoneamento pensado, omissão grave das regras de uso e ocupação do solo já em sinais de escassez? Mas, principalmente do que se mistura indústria de poluição pesada em meio a áreas urbano-residenciais privilegiadas. Eu penso, sinceramente, que questões como estas não podem passar ao largo do que seria apenas uma comemoração festiva. Considerá-las, na objetividade com a qual buscamos saídas e luzes para providências de curto, médio ou longo prazo, é uma atitude concreta de amor à cidade, à qual tanto nos devotamos. Manifesta, acima de tudo, o nosso envolvimento visceral, a responsabilidade civil que nos cobramos, na hora exata em que não se pode dissociar a visão de que o futuro de nossa terra pode ter o tamanho exato, senão maior, do que o nosso próprio futuro como cidadãos.
(JUANORTE, 11.01.2009)

VEREADOR: UM BOM NEGÓCIO
Fiquei estarrecido com os números das prestações de contas dos senhores vereadores eleitos à Câmara Municipal de Juazeiro do Norte. Infelizmente, a notícia só chegou ao nosso conhecimento com muito atraso, depois que foi selada a escolha pelo voto. Em primeiro lugar, confesso-lhes a minha ignorância e um certo desligamento por não saber que eles tinham gasto tão pouco. Isto até poderia nos estimular a patrocinar alguns bons candidatos, legalmente, segundo as normas vigentes na República Federativa, a partir de uma seleção criteriosa, até dentro das próprias legendas litigantes. Os números na internet indicam que a farra não passou de 88 mil reais. Pela média dos valores mobilizados apenas pelos 14 sagrados sabe-se que cada um só teve que desembolsar por volta de R$6.280,00, sendo que 41% disto era de recursos próprios, dos CPFs dos candidatos, e os restantes 59%, de familiares e simpatizantes. Algo como R$2.555,00 + R$3.725,00. Nestas últimas eleições, 115.952 eleitores votaram nos quatro candidatos a prefeito. Contudo, para eleger a nossa Câmara atual, apenas 30.568 votos importaram (cerca de 26%). Os críticos que não enxergam nisto parte das enormes imperfeições do sistema eleitoral e não advogam sua iminente reforma, não aceitarão que se diga que é uma falácia asseverar-lhes que a nossa Câmara foi eleita por uma minoria, e como tal é a imagem da representativa democrática. Eu estou, com isto, procurando entender as vaias consagradoras, ou desconcertantes, que ecoaram no último dia primeiro do ano, entre o Palácio do Floro e o Memorial do Padre, em meio ao que se preconizava pelas ruas e praças, em termos de novas traições e revides de novos perdedores. Voltemos aos nossos números, tão pequenos e reveladores. O vereador mais votado não chegou a três mil sufrágios. Se tomarmos os diversos números da votação de cada um e confrontarmos com estes tais valores declarados dos custos de suas campanhas, veremos que, hipoteticamente, cada voto teve um custo estimado entre R$0,90 e R$10,18. Na verdade, nove dentre estas 14 estrelas não chegaram a gastar mais que R$1,99. Um número, por sinal, muito emblemático na barganha e do total conhecimento do nosso povo que, de tão espoliado, sempre pede mais baratinho. Interessante observar nestes números que os menos votados foram os que mais gastaram por voto efetivado. Conseqüentemente, embora a relação de custo tenha atingido 11,3 vezes (maior/menor), a votação esteve na relação de 2,9 vezes (maior/menor). Mas, aceitemos que com tal pressuposto, os 14 juraram algo perante o povo para ser-lhes leal e dedicado. Nem vamos muito longe em aceitar tais fatos, pois o futuro que lhes reserva esta nova legislatura é por demais alvissareiro. Receberão os senhores vereadores os proventos do cargo e outras benesses que implicam numa elevadíssima taxa de retorno para o investimento que realizaram na continuação ou no ingresso de suas carreiras políticas. Diante destes números que se tornaram tão vergonhosamente públicos, bem se vê que os senhores vereadores de Juazeiro do Norte, só no primeiro salário já terão de volta tudo o que aplicaram na empreitada. E há o caso hilário de um deles que só gastou o que recebeu de contribuições, não abrindo o próprio bolso para nada. Assim está declarado à Justiça Eleitoral. O que será legitimamente devido por cada um de nós aos ungidos à Câmara Municipal de Juazeiro do Norte custará a cada um juazeirense, pelo menos, R$1,09 por mês. Ora direis, uma mincharia! Pois, sim! 
(JUANORTE, 18.01.2009)

AGUA, MEUS NETINHOS. ESGOTO, SENHORA VÓ...
Juazeiro do Norte tem agora no Governo da Cidade um médico sanitarista de plantão, de reconhecida proficiência. Alguém, se mais desavisado, até perguntaria, diante desta minha certeza: isto é bom ou isto é ruim ? Depois desta sua leitura, procure o que aí está no texto, no contexto, no pretexto e nas entrelinhas, e alguma resposta sairá. Então, vamos nos entender em dois pontos que, se bem realizados, até nos antecipariam uma melhor qualidade de vida, antes de pensarmos na remediação de velhas mazelas, conseqüências inequívocas da ausência de bons serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Recorri a fontes oficiais do serviço competente, e acudiu-me a presteza da companhia estadual. E do que me informaram, posso lhes dizer que em 31.12.2008 a situação do abastecimento de água era espelhada pelos seguintes números: o total de domicílios alvo da cobertura factível, isto é, possível de ser realizada imediatamente, era de 84.208. Ocorre que a rede existente já atingia cerca de 82.106 domicílios. Portanto, uma cobertura de 97,5%. Invejável, diríamos. Mas, nesta data, apenas 61.515 domicílios estavam ativos. A diferença corria por conta de desligamentos (voluntários ou cortes por inadimplência). Estimava-se para este consumo, algo em torno de 800 mil metros cúbicos mensais, com média de consumo oscilando entre 10 e 13 metros cúbicos ao mês/ligação. Evidente que no meio do caminho já se encontravam reclamações procedentes: falta água em picos de romarias, variações de qualidade, embora me assegurem que o padrão local beira a classificação de mineral, etc. A situação de esgotamento sanitário era bem diversa. A péssima rede coletora, herança antiga de boas intenções governamentais, no fundo - pouco zelosa, não atingia 39% do que seria sensato cobrir. Eram 18.776 domicílios ligados, embora ativos fossem apenas 17.466. A rede urbana, mesmo mal instalada, ainda cobriria mais uns 13.761 domicílios, elevando o exeqüível total para 32.537 ligações, bem menos da metade do que seria esperado. Esta grande diferença está estribada, pelo menos em coisas tais como: o uso continuado da velha solução de fossas sépticas, ligações clandestinas com a rede, ou lançamentos em galerias pluviais. O fator que afasta o usuário de uma solução definitiva deste problema é a tarifa dos serviços. Mas, veja que a maior parte do consumo local é remunerado por uma tarifa social, subsidiada pelos consumidores de maior volume. Não seria absurdo falar, há exemplos, de que seria possível o Governo implementar com a Companhia um subsídio que gradualmente vai se extinguindo, mas estimula o crescimento da cobertura do serviço. Aliás, as companhias de água e esgotamento sanitário pelo mundo costumam divulgar que são “indústrias de saúde”. E há quem pense que não fica muito difícil realizar. O Governo da Cidade economizaria racionalmente, deixando de gastar com besteira. Se for capaz, bane o protecionismo político que tanto rouba o cofre público e, como quem administra economia doméstica, sem mistérios, onde custeio e investimento não podem superar receitas, encontra um bom caminho de poupança de recursos para o que o povão necessita. Mas, para isto, é necessário saber se o Governo está mesmo disposto a resolver tais questões. Não é uma visão simplista. A prevalecer a cena, na contra-mão do problema e da história, não vai valer a pena celebrar centenário de roupa nova, desfilando pelas ruas de uma cidade fedida. Nem para acompanhar Nossa Senhora, nem para dançar com banda de forró. 
(JUANORTE, 25.01.2009)

JUABC OU ESTADO DO CARIRI ?
Por estes dias, estive lendo, a título de confronto, alguma coisa à margem destes dois momentos de especulação sobre o destino da região do Cariri: o antigo movimento de constituição de um novo Estado na Federação e esta intenção mais recente, a da Região Metropolitana do Cariri. Sobre a primeira, bati a poeira do meu exemplar de Em defesa do Cariri, de Wilson Roriz (Fortaleza, 1957). Na leitura, reencontro a emoção e os ânimos exaltados do então deputado estadual, diante de uma proposição que se relacionava, à época, muito mais com os antecedentes frustrados da eletrificação do Cariri, do que mesmo com uma proposta convincente de fundação de um novo Estado. Sobre uma perspectiva puramente econômica, o documento seria hoje considerado inexpressivo, porque suas fontes se assentavam exclusivamente nos quantitativos minguados repassados por verbas governamentais. O Cariri, então, era uma grande promessa, mas os governos eram duros na queda e não viam a região como merecedora de grandes investimentos. Sem energia elétrica e com tudo por fazer, os prefeitos e seus deputados viviam de pires na mão. Mais recentemente, a propósito de novos Estados, reviso que entre 1998 e 2008 foram sugeridas as constituições de 16 novas unidades federativas, a partir de desmembramentos de áreas de seis Estados (AM, PA, MT, BA, MG e SP). A região nordestina ganharia mais uma unidade, a décima - Estado Rio São Francisco, que abocanharia cerca de 30% da área da Bahia. A propósito desta pauta vigente no Congresso Nacional, o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas divulgou um estudo que realizou com estas propostas e comparou-as com outros anteriormente formulados, relevando, sobretudo, a questão da sustentabilidade econômica. Objetivamente: Produto Interno Bruto(PIB) x gasto público. O gasto público médio no Nordeste é de aproximadamente R$ 1000,00 per capita ano (IPEA). Isto se encontra com base nos dados de PIB (2006), o que dá um valor fixo médio de R$ 832 milhões por ano, acrescidos de uma estimativa de R$564,69 per capita e mais R$ 0,075 para cada R$ 1,00 produzido. Apesar de serem os números mais baixos do país, para um novo Estado se estima que o custo per capita venha a atingir R$ 1.937,00. O Estado do Cariri teria população estaria estimada em um milhão de habitantes. Como toda a renda do Cariri não vai além de R$ 3,2 bi, ou 8% do PIB do Estado (R$ 40 bi), estes números não estimulam mais a pretensa idéia de um desmembramento da Região, com uns 30 municípios, a maioria em estado de indigência econômica-financeira. Bem se vê, por este balanço modesto e, diria – quase ingênuo, que enquanto não alçamos patamares mais expressivos daquilo que nos recuperaria economicamente em tempos de crise global – a conjuntura mundial aplicada à província, devemos nos deter em criar espaços e alargar pautas e perfis de produção para que, cada um à sua vocação e criatividade, se esmere nos seus próprios indicadores. Neste cenário são muito bem vindas as novas idéias de constituição de uma Região Metropolitana do Cariri. Apesar do seu impacto na microrregião, o JUABC continuará sendo o carro-chefe. O preocupante vem na cota da responsabilidade civil, e social, assumida pela máquina que está à frente, pois o Cariri nunca irá para diante se o JUABC vier a encher o peito para dizer, levianamente: os outros que se virem. 
(JUANORTE, 01.02.2009)

ROMARIA DA SENHORA DA CANDELÁRIA
Justiça seja feita: o Governo Municipal de Juazeiro do Norte venceu brilhantemente a primeira prova a que foi submetido, com as providências que viabilizaram, em melhor estilo, a romaria que encerrava o ciclo religioso anual. Este, sinceramente, é o meu sentimento. Diria, contudo, que suas ações ainda ficaram muito aquém do que seria desejável, tão largo é o fosso entre as tantas carências crônicas e a imagem do pretendido, à moda de nossa habilidade para contorná-las. Mas, tão pouco tempo para desenvolver estes esforços, desconcertante foi a franqueza do senhor prefeito em ter negado verba específica, não muito vultosa, para melhor atender a estes propósitos da romaria, especialmente na questão dos serviços urbanos. Enfim, ele nos mostrou e aos seus auxiliares, como “se vira nos trinta”, com criatividade e eficiência, diante do intransferível trauma de um buraco negro que assoma oito milhões em nossas costas. Quero, portanto, antes de mais nada, atribuir-lhe uma palavra necessária de reconhecimento e de crença. Melhores oportunidades, com equipe estabilizada e “azeitada”, ensejarão os atenciosos cuidados das próximas jornadas. De tudo o que poderíamos apontar como foco das atenções preocupantes, parece-nos que pouquíssima coisa ficaria de fora do enorme guarda-chuva legislativo de que dispomos (nem entro no mérito de sua eventual desatualização): o código de posturas do município. O mal é que alguém, muito atrás, prolatou: “não se restaure a moralidade e nos locupletemos todos”. Este, até melhor juízo, foi o mal desnecessário. Instalou-se, a partir daí, o caos urbano que responde hoje por toda a sorte de mazelas que se procurou alterar em curto prazo, entre a recente posse do gestor e o prazo fatal de receber a generosa visita de mais de trezentos milhares de peregrinos. Nestes anos, vimos com enorme satisfação a ampliação do espaço sagrado das romarias que permitiu incluir um roteiro de fé, passando por todos os templos e locais da memória de Juazeiro do Norte, e não mais exclusivamente ao restrito Matriz-Museu-Socorro-Estátua. Paradoxalmente, vimos encolher este território da circulação romeira por diversos e nefastos mecanismos da ocupação indevida do solo. Em parte, pelo próprio poder público, pelo espírito medíocre de gestores passados que, a despeito de até planejamento participativo (maiores interessados e sociedade civil) não foi suficientemente ágil para projetar intervenções que consolidassem uma ampliação urbana desejável para o fluxo crescente e a maior periodicidade das romarias. As vielas da cidade, o “caso” do Centro de Apoio ao Romeiro e as atuais vias de acesso respondem pelo atacado da crise presente. De outro lado e, certamente, locupletado pela fragilidade do mando político local, a qualquer época, em honrar acertos de campanhas eleitoreiras, a iniciativa privada empenhada na sustentação de seus negócios, mesmo influindo, não consolidou a necessária contenção dos abusos do comércio informal e da presença avassaladora e desconcertante do camelódromo itinerante, imigrante oportunista que, mesmo contribuindo, têm vandalizado as romarias e violentado o centro na sua funcionalidade. Por melhores dias, que Nossa Senhora da Candelária nos proteja a todos e nos inspire na superação de todos estes obstáculos para que, ultrapassando os 120 anos de romarias (2009), Juazeiro do Norte, seus filhos e afilhados, nos acertemos com estes milhões de nordestinos que nos visitam, pela imensa dívida que se avolumou por todos estes anos. 
(JUANORTE, 08.02.2009)

ROMARIA EM PAU DE ARARA
Nada mais triste para um encerramento de Romaria em Juazeiro do Norte que uma notícia de desastre pelas estradas, envolvendo veículo cheio de romeiros. Como este recente, onde onze pessoas perderam suas vidas, enlutando muita gente de Alagoas. Toco nesta ferida porque, pelos anos, ela carrega na dor, algo de atualidade. Houve um tempo em que, mercê das péssimas estradas e dos veículos adaptados, esta notícia era mais freqüente. Desgraçadamente. Aos poucos foram chegando os ônibus, em substituição aos velhos caminhões. Mas, os caminhões continuaram a ser usados, até agora. Muitos, não só por medida de economia – a conta apertada do devoto que não deixava de vir, mas também por outras convicções. E diziam, como Maria José Laurentino, a dona Mãezinha – a senhora de Cascuda, da Viçosa de meus avós, e uma das vítimas do recente acidente: “Romeiro vai de pau-de-arara. Quem vai de ônibus é turista”. O tráfego de caminhões assemelhados ao veículo sinistrado era parte desta tradição, assim expressa. E o seu trânsito era uma condescendência, por vezes não observada pelas Polícias Rodoviárias, no tocante ao Artigo 108 do Código de Trânsito Brasileiro (“Onde não houver linha regular de ônibus, a autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar, a título precário, o transporte de passageiros em veículo de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de segurança estabelecidas neste Código e pelo Contran”). Mas, a condição de segurança vinculada, quase sempre não é observada. Da maneira que isto repercute entre nós, ficamos entre a cruz e a caldeirinha. Quantas vezes, em anos atrás, partiu de ações concretas de entendimento entre o vigário Murilo e autoridades estaduais e federais para liberar a proibição explícita. Os veículos eram parados e retidos em muitas barreiras. De lá partiam os clamores que levavam o vigário a agir e pedir a intermediação de líderes e representações políticas que sempre atendiam. Havia uma tratativa, mínima, de limitar as viagens ao período diurno e a cobrança de alguns requisitos como maneira de reduzir drasticamente o risco. Felizmente, enquanto durou, isto surtiu bons efeitos naquelas ocasiões. Hoje, sinceramente, somos inclinados à eliminação definitiva desta condescendência. Não se pode carregar pessoas em espaços de veículos destinados a transporte de cargas. É ilegal, é inseguro, é imoral. Para preservar este generoso fechar de olhos, temos que esquecer as dificuldades que em muitos casos acontecem nas viagens de pessoas das zonas rurais desses sertões, inacessíveis ao trânsito de ônibus. Nada que, com criatividade, não se possa resolver, deixando ao fretante a tarefa de solucionar um transporte intermediário, tão seguro quanto o desejável, para o acesso ao de mais longo curso. A nós, juazeirenses mais beneficiados por este afeto romeiro que os faz vir a cada romaria, nos caberá ainda ações de esclarecimento e de educação para que os usuários sejam atendidos nas suas exigências básicas de proteção das suas vidas, não permitindo que condições insatisfatórias destes veículos possam representar ameaça imediata à sua integridade física. As romarias de Juazeiro do Norte vão prosseguir sempre e mais concorridas. Nestes anos, alterou-se substancialmente o perfil do transporte. Tratamos agora de fazer, com nossa limitada capacidade de influir, com que a viagem, por maior canseira que represente, seja parte de uma jornada feliz, para onde convergem com segurança os nordestinos de fé, daqui saindo e chegando aos seus destinos, protegidos por Nossa Senhora das Dores e pelo Padre Cícero.
(JUANORTE, 15.02.2009)

NOVAS E BOAS IDÉIAS
O engenheiro Germanno Ellery, juazeirense residente em Maceió, escreveu a este portal, deixando seu recado para o prefeito municipal, nos termos que copio. “Senhor Prefeito Santana: Quero sugerir uma solução para a problemática do Mercado Central de Juazeiro. Sugiro a desapropriação da Usina Bezerra, para lá se implantar um mercado novo, com amplo estacionamento inclusive, e só para frutas, verduras, carnes, peixes e cereais. O prédio antigo seria demolido e erguido ali, em uma metade, um grande camelódromo com quatro andares e, na outra metade, um grande edifício garagem com vários pavimentos. Para esse estacionamento seria licitada uma empresa para administrar. Quer dizer, além de ajudar a resolver o grande problema de estacionamento no centro de Juazeiro, seria uma fonte de renda para a Prefeitura. Sem contar que liberaria a rua São Paulo para o trânsito normal. Esclareço ainda que para obras como essa tem dinheiro no Ministério das Cidades. O que falta para muitas Prefeituras e sempre faltou na de Juazeiro são projetos. Lá do Ministério só sai dinheiro se tiver projetos. Gostaria de ver adotada minha sugestão, para o bem de Juazeiro.” Parabéns. Ao meu sentimento, Dr. Germanno está coberto de razão. Esta é para ser levada em conta como uma grande e benéfica idéia. Acho que estão lembrados que houve, no tempo em que os trilhos da RVC chegaram ao “Arisco”, há mais de oitenta anos, um estranhamento com a localização da estação, tão longe do centro. Lembram o que, profeticamente, Padre Cícero teria dito ? Pois bem: o que mudou nestes anos, foi a violência do problema do crescimento desordenado da cidade. O dito centro nevrálgico da cidade tem que mudar. Se o novo centro vai para os Franciscanos, ou caminha para mais longe, no Pirajá, ou fica pelo triângulo, isto é coisa para se conversar. É um processo natural. Só depende do poder público no seu ordenamento. Já não pode ficar onde está. Faliu. Advogamos intervenções graduais, como esta que sugere o leitor, pela necessidade de ir implementando esta mudança de perfil, sem que tenhamos no horizonte a perspectiva de transformar o velho centro numa cidade fantasma, incapaz de se auto-regular pela força da descentralização coordenada, em sintonia com um planejamento adequado para redirecionar zoneamentos (residencial, comercial, industrial, etc). No caso do Mercado Central, o que me parece, poderia ser o piloto destas intervenções, não deixando de lado a necessária extensão a outros equipamentos que se distribuem pelo Pirajá e pela Rua São Pedro. Eles nucleiam parte deste caos urbano, à sombra de uma omissão que responde pela necessidade de uma Central de Abastecimento. Percebo que vez por outra o povo é instado a dizer: qual a desordem urbana que mais o incomoda ? Freqüentemente, é a ocupação desordenada dos espaços urbanos a resposta direta, exatamente porque é a que mais desfigura a cidade. O entorno do Mercado Central de Juazeiro do Norte é uma grande pocilga. Algo descomunal até para se ver uma vez, quanto mais para se viver, diariamente. Transferi-lo, reconhecidamente, é uma pauta profundamente cidadã. Basta encará-la com a cautela de quem pode trazer soluções que não sejam espalhafatosas, tão grandes quanto a sua própria feiúra. E porque é necessário saber para onde vai a cidade, esse olhar é o sentimento primeiro para a sua relocação. Alguém aí tem outra boa idéia, como esta ? 
(JUANORTE, 22.02.2009)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para as terças feiras, de 13:30 às 15:00h, no Laboratório de Informática do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 22, estará em cartaz, o filme O TEMPERO DA VIDA (Politiki Kouzina, Grécia/Turquia, 2003, 108 min). Direção de Tasso Boulmetis; Sinopse: Fanis (Markos Osse) é um garoto grego que vive em Istambul, na Turquia. Seu avô, Vassilis (Tassos Bandis), é um filósofo culinário que o ensina que tanto a comida quanto a vida precisam de um pouco de sal para ganhar sabor. Ao crescer Fanis (Georges Corraface) se torna um astrofísico, que usa seus dotes de culinária para temperar as vidas das pessoas que o cercam. Ao completar 35 anos ele decide deixar Atenas e retornar a Istambul, para reencontrar seu avô e também seu primeiro amor.
BIBLIOCINE (FAP, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade Paraiso do Ceará (FAPCE) está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri, embora seja restrito aos alunos desta Faculdade. As sessões são programadas pelo NEAC (Núcleo de Extensão e Atividades Complementares) para as terças e quintas feiras por mês, de 12:00 às 14:00h e de 17:00 às 18:30, na Sala de Vídeo da Biblioteca, na Rua da Conceição, 1228, Bairro São Miguel. Informações pelo telefone: 3512.3299. Neste mês de maio está em cartaz, o filme SETE HOMENS E UM DESTINO (The Magnificent seven, EUA, 2016, 133 min). Direção de Antoine Fuqua. Sinopse: Os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques, Emma Cullen (Haley Bennett) deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo especialistas para contra-atacar os bandidos.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 24, às 19:30 horas, dentro da Sessão CINEMA DE ARTE, o filme NENHUM A MENOS (Yi ge dou bu neng shao, China, 2000, 106 min). Direção de Yimou Zhang. Sinopse: Quando o professor da escola primária de uma pequena aldeia rural em Shuiquan tem que se afastar do trabalho por um mês, a única pessoa que pode substituí-lo é Wei (Wei Minzhi), uma tímida jovem de 13 anos sem experiência alguma na arte de lecionar. Ela recebe a restrita ordem de que deve manter todos os alunos na escola e não deixar nenhum partir. Teimosa, ela fará de tudo para cumprir o plano, algo prova ser mais difícil do que parece quando o pequeno Zhang (Zhang Huike) é obrigado a deixar a aldeia e ir para cidade a fim de arrumar um trabalho. Contando com o apoio de seus alunos, a determinada professora vai a pé atrás de seu aluno perdido e não vai desistir até trazê-lo de volta.

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 25, às 19:30 horas, dentro da Sessão LANÇAMENTOS, o filme STARS WAR: O ÚLTIMO JEDI (Star Wars: The Last Jedi, EUA, 2017,152 min). Direção de Rian Johnson. Sinopse: Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 26, sábado, às 17:30 horas, o filme TRÊS HOMENS EM CONFLITO (Il buono, il brutto, il cattivo, Espanha/EUA, Itália, 1966, 161 min). Direção de Sergio Leone. Sinopse: Três homens - o “Bom”, o “Mau” e o “Feio” - estão atrás do tesouro de Bill Carson, escondido em um cemitério. Cada um deles conhece apenas uma parte da sua localização, o que faz com que eles tenham que se unir. O problema é que nenhum deles está disposto a dividir o que encontrarem.
IMAGENS ESQUECIDAS (XXXIV)
Essa imagem perdida no tempo, esquecida de todos nós, é uma das mais belas imagens do Juazeiro dos anos 30. Apresentam-se logradouros, construções e paisagem com a exuberância que não mais se encontra. Isso tem cara de um domingo próximo do meio dia, sol a pino. Abrigadas à sombra de uma árvore, algumas pessoas desfrutam da calçada larga, sentadas em cadeiras de balanço. Árvores enfileiradas no entorno da praça e no estirão da rua. Ressalta-se na imagem um casario imponente, de estilos diversos. Pela arquitetura do prédio da esquina (São Francisco com Pe. Cícero), aí devia morar a família do Coronel Fernandes, amigo do Pe. Cícero, velho usineiro das Alagoas que escolheu viver perto do povo desta cidade. Construção volumosa, refeita pela reforma do velho chalé de José André de Figueiredo, que já tivera a sorte de abrigar o primeiro grupo escolar da cidade. Vizinho a ele já está o hoje reconhecido como Solar da Família Bezerra, outrora Casa Grande. Nessa época era a residência da família do sr. Francisco Alencar, comerciante estabelecido no outro lado, da rua São Francisco. Só nos anos 50 ele é vendido a José Bezerra de Menezes que, afinal aí viveu pouco, pois faleceria em 1954. Vetusto e senhorial, o volume maior é para destacar o velho sobrado de Fenelon Gonçalves Pita, prédio que na lembrança encerra tristezas pela inutilidade de sua demolição. É assim, é a vida.
IMAGENS ESQUECIDAS (XXXV)
A cena é de 1938 e como a legenda informa: aspecto da feira de Juazeiro, num sábado. Era o tempo em que a feira, para a venda “de um tudo” existia como grande movimento do comércio de alimentos e utilidades domésticas. A feira guardava a característica notória de uma grande mostra e um “shopping” à moda antiga, para a chamada agricultura familiar, de tão antiga que é. O entorno da praça era bem reconhecido para os cereais, como farinha, arroz, feijão. Mas havia espaço para muito mais coisa, como aqui à esquerda, quase na esquina de Cruzeiro com São Pedro, onde havia a venda de fogos de artifícios, até que um dia tudo foi pelos ares. Quase tudo era permitido, como por exemplo as vendas de doces em tabuleiros enormes. Doces que guardavam as cores de corantes exagerados, rosados, azulados, esverdeados, caramelados, para tingir doces a base de muito açúcar, repartido em espátulas, semelhantes às usadas por pintores no emassamento de superfícies. Doces encantadores com essa policromia, para os garotos farejadores de guloseimas. Meninos dos meus tempos, doidos por quebra-queixos, com muito coco e castanhas e amendoim. A feira era estendida. Começava muito cedo, antes da sete da manhã, com as arrumações e exposição dos artigos, e se encompridava até aos últimos instantes da tarde, quase noitinha, quando carroças e animais retiravam o que não foi vendido, para retornar ´na semana seguinte.
IMAGENS ESQUECIDAS (XXXVI)
A imagem é de Juazeiro do Norte, declarado pelo fotógrafo ou pelo detentor da peça, focando uma cena de rua, em 1938. Contudo, o cenário foi conhecido longamente, desde o tempo em que a limpeza urbana era dos cuidados de um pequeno exército de mulheres, empregadas da prefeitura municipal, gente que ganhava não mais que uns trocados, a título de diaristas, que se distribuíam pelas ruas principais do centro, de cidade ainda tão pequena. O instrumento do trabalho era a velha vassoura de palha, metida em um cabo torneado por carpinteiro de jeito. Reparemos as roupas de antigamente, com mulheres bem cobertas, figurinos simplórios de tecidos resistentes, sem quase adornos. Para não esquecer, esses panos na cabeça para proteger, principalmente do calor e da insolação, aqui ou acolá trocados por chapéu de palha. Nos pés, sandálias, melhor – chinelas de couro cru, que quase nada escondia dos maus tratos dos solados e das laterais rachadas pela secura do tempo. Elas varriam, para que carroças e caminhões improvisados para a limpeza urbana, viessem depois para recolher o “munturo”, os montes de ajuntamento do lixo varrido e que ficava nos cantos das calçadas. Não aparece, mas era para se notar o trivial, como umas quartinhas de água potável para minorar a sede. Lembro disso pelo fim dos anos 50 olhando de perto a minha pobre vila, na pachorrenta vidinha desses anos.
NOVO LIVRO
Cícero Pereira de Sousa, o autor e a Editora Kelps, de Goiânia (GO) estão anunciando o lançamento próximo da obra Pactos & Impactos: Cooperação para o desenvolvimento. Cícero Sousa, como está registrado na capa do livro anunciado, possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Pernambuco (1970-1973), Pós-graduação lato sensu em Administração pela Universidade de São Paulo/Instituto Fundação de Administração-FIA (2000-2001), Especialização em Relações Internacionais pela Escola Diplomática de Madrid (1984-1985) e em Planejamento Regional pela ONU/CEPAL/Instituto Latinoamericano de Planificación Económica y Social-ILPES (1980-1980). Foi Professor Assistente de Administração da Universidade Federal de Pernambuco e Titular da Faculdade de Administração da Universidade de Pernambuco (1975-1978), Professor de Economia da Universidade Regional do Cariri (1991-1992). Foi Superintendente de Relações Internacionais do Governo de Pernambuco (promoção de investimentos estrangeiros no Estado - 1989-1990), Diretor da Superintendência de Industrialização e Secretário Executivo da Zona de Processamento de Exportações - ZPE da Paraíba (1987-1989), Diretor do Centro Latino-americano de Desenvolvimento da Informática-CLADI (Projeto do Governo de Pernambuco com apoio da UNESCO (1982-1984), Secretário de Desenvolvimento Econômico de Juazeiro do Norte/CE (1993-1997), Diretor do Hospital Maternidade São Vicente de Paulo em Barbalha/CE (1997-1998), Coordenador Geral da Fundação de Desenvolvimento Municipal do Interior de Pernambuco (1976-1979). Atualmente é Sócio-Diretor da Gênese Educação e Desenvolvimento Humano Ltda, desde 2010. Cícero Pereira de Sousa é um dos líderes de movimentos de cidadania no Nordeste brasileiro destacando-se como um dos criadores dos pactos de cooperação, envolvendo o poder público e a sociedade num esforço conjunto pelo desenvolvimento. Na década de 1980 atuou como consultor para a Organização dos Estados Americanos (OEA), em projetos de desenvolvimento regional na Argentina, no Brasil, México e Uruguai. Desde o ano 2000 participa, como consultor do SEBRAE, na manutenção de pactos e redes para o desenvolvimento territorial, em vários estados do país.
EXPOSIÇÃO CONFLITOS IMS/SP
O Instituto Moreira Salles, na sua sede da Av. Paulista, 2424, São Paulo está apresentando a exposição Conflitos: Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964, com curadoria de Heloisa Espada. No acervo poderão ser encontrados maravilhosas imagens dos seguintes Conflitos: Revolução Federalista (1893-1895), Guerra de Canudos (1896-1897), Revolta Naval (Chibata) (1910), Guerra do Contestado (1912-1916), Revolução Gaúcha (1923), Revolução (1924), Coluna Miguel Costa-Prestes (1925-1927), Revolução (1930), Guerra Civil (1932), Banditismo Social Cangaceiro (1920-1938), Insurreição Comunista (1935), Motins pós-suicídio de Vargas (1954), Revolta de Jacareacanga (1956), Insurreição de Aragarças (1959), Campanha da Legalidade (1961), Golpe de Estado (1964). Sobre o Banditismo Social Cangaceiro (1920-1938), a curadora escreveu: “Enquanto ocorriam revoltas armadas e fortalecia-se a oposição de setores das elites políticas à Primeira República, novas formas de resistência social se formavam no interior do país. Sob a liderança de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, formou-se um movimento social armado, que operava atividades ilegais violentas, como saques, estupros, sequestros e assassinatos. Ao mesmo tempo que afrontavam as instituições, os alcunhados como “cangaceiros” (aqueles que carregam cangas como os animais) distribuíam produtos de suas investidas entre comunidades pobres do sertão. Daí sua representação ambígua como heróis populares, que aterrorizavam e provocavam respeito e admiração. O bando de Lampião era nômade, o que dificultou a repressão e levou à tentativa malsucedida de usá-lo para barrar a Coluna Prestes. O governo Vargas, governos estaduais e lideranças locais o combatiam. Em 1938, Lampião e seus seguidores foram vencidos e decapitados por tropas oficiais, e suas cabeças, expostas à visitação pública. Em 1936, o fotógrafo Benjamin Abrahão passou cinco meses no sertão, registrando o cotidiano dos cangaceiros. Ciente do poder da mídia, Lampião utilizou a fotografia na construção de sua imagem pública de homem poderoso e temido. No ano seguinte, a imprensa nordestina publicou vários desses registros.” Como se vê, a mostra tangencia Juazeiro do Norte, por incluir a obra fotográfica de Benjamim Abraão, ex-secretário do Pe. Cícero. Nesse particular, refiro-me a uma certa expectativa de estudiosos, jornalistas e muitos curiosos que procuraram insistentemente por um registro fotográfico do único encontro do patriarca com o bandido. Havia e há essa ansiedade. Exatamente porque Benjamim estava em Juazeiro em março de 1926 e nessa época há muitas imagens das quais ele participava com o Pe. Cícero. Também Lampião foi oficialmente fotografado em Juazeiro por Lauro Cabral de Oliveira. De onde viria a posição radical para não admitir esse registro fotográfico? Do patriarca que sabia que o único responsável pela permanência do bandido em Juazeiro era o Floro, ausente, no Rio de Janeiro, em tratamento? Ou do próprio bandido, por alguma coisa não explicada em todo esse tempo de especulações? O fato é que essa imagem, aparentemente impossível, deu margem a muitos ensaios pictóricos e até de montagens fotográficas, em revistas, jornais, cinema, etc, para afirmar, como se não houvesse dúvida desse encontro. Aqui em casa, numa dessas últimas concepções, o livro de Daniel Walker não dispensou o uso dessa ilustração ficcional (foto acima), ao tempo em que se refere também ao batalhão da Coluna Prestes, nas cercanias da fronteira Ceará-Piauí. Ao lado disso, e mais de uma década antes, na mesma cena desse Cariri de conflitos, relevaríamos também o que gerou a intervenção federal no Estado. Pessoalmente, também lamento que aí não esteja a famigerada Sedição de Joazeiro (1913-1914), uma vez que há uma grande riqueza fotográfica desse fato. 

A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (I)
Boas idéias devem ser imitadas e nem faz mal se copiadas. É o que farei a partir de uma idéia numa das páginas muito frequentadas do interessados na memória do Ceará, a cargo de Miguel Ângelo de Azevedo. Com muita frequência ele ali publica efemérides da história de Fortaleza. Tomei, portanto essa idéia e estou buscando algum ineditismo com respeito aos fatos que serão aqui mencionados. Para tanto, usarei anotações diversas, de documentos, de livros e de jornais, para ir desenvolvendo esses registros. Serão a partir de agora, pelo menos 7 datas de cada uma das semanas vindouras, a partir, portanto, dos dias de domingo a sábado, usando como referência o ano presente. Espero que estas informações sejam de alguma utilidade. Nesta primeira edição, focalizaremos os dias de 20 e 26 de Maio, desde o século XIX até o século XX. A previsão é de que nos ocuparemos com essa por 52 semanas. Esta é a (I) e vamos até a (LII).

20 de Maio de 1874: O primeiro bispo da Diocese do Ceará, D. Luiz Antonio dos Santos, autorizou o Pe. Cícero a angariar em todo Bispado, esmolas para a construção do prédio do Seminário do Crato, por uma Portaria, cuja cópia transcrevemos: “Estando nós resolvidos a fundar na cidade do Crato desta província do Ceará, um Seminário em que hajam aulas de todos os preparatórios, para facilitar a instrução aos jovens que não podem frequentar as aulas em lugares mais remotos e mais dispendiosos, autorizamos ao Revmo. Pe. Cícero Romão Batista para angariar em todo este Bispado e fora dele, esmolas para a obra do dito seminário, que se vai começar. Pedimos, pois, aos reverendos párocos deste bispado que coadjuvem quanto estiver em sua parte, em obra tão meritória, a qual se refere à honra de Deus e civilização do povo. Residência Episcopal da cidade de Fortaleza, 20 de maio de 1874. Ass. + Luiz, Bispo Diocesano do Ceará.
(Na foto: D. Luiz Antonio dos Santos e o Pe. Cícero Romão Baptista, em 1870.)

21 de Maio de 1881: Conforme se lê em Irineu Pinheiro (Efemérides do Cariri), o Estado do Ceará foi dividido em 8 distritos eleitorais. O 6º distrito era sediado em Crato. Contudo, Juazeiro, então povoação, distrito do Crato, ainda ficou sendo lotado neste 6º distrito. Somente trinta anos depois houve modificação com a sua elevação a município.

22 de Maio de 1966: A Escola Normal Rural, fundada em 1934 realizou por aqueles anos 30 dois grandes eventos, dos quais ficaram na história local registrados por seus Anais, impressos e veiculados pelo mundo educacional do movimento ruralista brasileiro. Somente em 1966, nesta data referida foram iniciados nesta Escola Normal Rural os trabalhos da III Semana Ruralistas a se realizar em Juazeiro. O seu lema era Rumo ao Campo: símbolo do Progresso. Esta iniciativa foi promovida pela Escola Normal Rural, pelo Núcleo Regional do Cariri da Sociedade Cearense de Agronomia e pela Prefeitura Municipal de Juazeiro. E contou com as colaborações da Universidade do Ceará (depois federalizada), Ancar – Ceará e Secretaria de Educação e Cultura.

23 de Maio de 1899: Em substituição ao Monsenhor Antonio Alexandrino de Alencar, Pe. Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, foi nomeado Vigário do Crato, curando a Capelania de Juazeiro. O Mons. Alexandrino passou a ser Vigário em Picos, no Piauí, desta data até 03.04.1903, quando aí falece. Como cura da Capela de Nossa Senhora das Dores, de Juazeiro, Mons. Antonio Alexandrino de Alencar permaneceu encarregado, embora residente em Crato, de 4 de fevereiro de 1892 a 23 de maio de 1900.

24 de Maio de 1862: Nasceu no povoado de Juazeiro, às 16 horas deste dia, Maria Madalena do Espírito Santo Araújo, conhecida pelo nome de beata Maria de Araújo, célebre por se ter, muitas vezes, transformado em sangue, a partícula sagrada, no ato de sua Comunhão. Era filha de Antonio de Silva Araújo e Ana Josefa do Sacramento, ambos naturais de Juazeiro. 

25 de Maio de 1898: Em carta que escreve de Roma, nesta data, ao seu amigo e parente afim, Joaquim Secundo, o Pe. Cícero Romão Baptista afirma: “Se eu tivesse laços que me prendem, nunca mais voltaria ao nosso Brasil, não porque não o ame muito, mas porque os desgostos me encheram a vida de tantos abrolhos e espinhos, que aspiro estar em um cantinho esquecido e desapegado de tudo, cuidando só de salvar-me.”

26 de Maio de 1936: Sob a presidência do Juiz Eleitoral da 16º zona, Dr. Hermes Paraíba, teve lugar na sala das audiências, a sessão designada para compromisso e posse dos vereadores municipais de Juazeiro, eleitos a 29 de março deste ano. O Presidente convidou os vereadores a apresentarem seus diplomas. Apresentaram na seguinte ordem: 1º - José Bezerra de Menezes; 2º - João Cornélio Leite; 3º - Dr. Manoel Pereira Diniz; 4º - José Neri Rocha; 5º - João Marcelino de França; 6º - Dr. Manoel Belem de Figueiredo; 7º - Odílio Figueiredo; 8º - Doroteu Sobreira da Cruz. O Presidente da mesa, atendendo a ordem alfabética convidou o vereador Doroteu Sobreira da Cruz, para pronunciar, com ele, as palavras de compromisso que foram as seguintes: “Prometo manter e cumprir fielmente a Constituição da República e do Estado, observar suas leis, agir sempre em conformidade, com os interesses gerais deste município, sustentando a sua autonomia e desempenhar com patriotismo e dignidade as funções do cargo. Os demais vereadores cada um, de per si, pronunciaram em seguida as palavras: “Assim prometo”. O Presidente da sessão declarou-os empossados. O secretário, Luiz Teófilo Machado, fez a ata que foi assinada pelos presentes. Em seguida foi aberta nova sessão para eleger o presidente e o secretário da Câmara. Foram eleitos: Para presidente, o vereador José Bezerra de Menezes e para secretário, o vereador Dr. Manoel Pereira Diniz. Nesta sessão, serviu de secretário o vereador Dr. Manoel Belém de Figueiredo. No mesmo dia 26 de maio, em sessão presidida pelo presidente da Câmara, vereador José Bezerra de Menezes, foi empossado o prefeito eleito em 29 de março do corrente ano, José Geraldo da Cruz. O Presidente da sessão recebeu o compromisso do prefeito vazado nos seguintes termos: “Prometo cumprir e fazer cumprir fielmente a Constituição da República e deste Estado, assim como as leis deste Município, observar suas leis, agir sempre em conformidade com os interesses gerais deste Município, sustentando sua autonomia e desempenhar, com o patriotismo e dignidade as funções do meu cargo”. A ata foi feita pelo secretário, Dr. Manoel Pereira Diniz, cujo original foi arquivada na Prefeitura Municipal.

LUIZ CARLOS DE LIMA
Na alentada edição desta semana que vai findando, o Jornal do Cariri inseriu na sua série Grandes Nomes, o radialista, jornalista, professor e escritor Luiz Carlos de Lima. Felizmente isso vem acontecendo de vez em quando, como já foi o caso de Daniel Walker e outros mais que fizeram pelo rádio e a imprensa ciceropolitana o melhor de suas competências, produzindo, apresentando, narrando, escrevendo páginas memoriais. Estilos, saberes, olhares e dizeres de uma geração marcante, especialmente pelo rádio, mas também pelas folhas de jornais, entre os diários e os tardios, ocasionais. Deixaram eles em nossas mentes lições que não se aprendem facilmente, maturadas por uma criatividade exuberante, esses detalhes fizeram de cada um desses reconhecidamente Grandes Nomes, parte dessa história heróica de como veículos entre a prensa e a radiodifusão fizeram por engrandecer o progresso citadino. Felizmente os tivemos. Bem recentemente Jota Alcides dedicou boas páginas sobre cada um deles. Felizmente os festejamos. Felizmente, enfim, e graças a Deus, os temos ainda perto de nós, contando dessas histórias que nos emocionam e nos fazem felizes.
FESTA DA PADROEIRA, 2018
A festa anual, diga-se, a maior celebração da Basílica Santuário da Mãe das Dores acontece em setembro. E a Paróquia já se movimenta para a sua organização. E este ano, aos 191 anos da primeira realização, já vamos nos aproximando lentamente do bicentenário. Esta festividade religiosa tem grande significação para toda a Nação Romeira do Nordeste brasileiro. Para montar a infraestrutura de sua organização, há que se cuidar de inúmeras tarefas e detalhes que mobilizam pessoas para uma logística enormemente diversificada para todas as atenções. Esse ano, além dos atos religiosos, do Show do Chapéu, da Cavalgada, da Procissão, e de todas as atenções para as Ações Sociais, teremos como novidade o Festival Canta Romeiro, entre os dias 01 e 07 de setembro. Ficamos no aguardo da divulgação dos detalhes para que a comunidade seja informada como participar, concorrer e tudo mais que importa para o sucesso do empreendimento. Cumprimentamos toda a equipe por esta imensa dedicação aos propósitos da celebração da nossa tradicional festa da Padroeira, Nossa Senhora das Dores.



PADRE CÍCERO, O FILME


No último dia 16, foi lançado em Fortaleza o livro que conta a história do filme Padre Cícero, Os milagres de Juazeiro, uma biografia elaborada por Raymundo Netto que recria a história do filme, primeiro longa colorido produzido no Ceará com ares de superprodução. Na época, 1973, através de uma aluna minha do curso de Fisioterapia, da Unifor, tomei conhecimento deste empreendimento e com sua mediação eu terminei integrando a equipe técnica que cuidou da realização. Sou testemunha que, de fato, o trato que se deu a esta produção foi algo que beirava a superproduções do cinema nacional. A propósito, transcrevo aqui o texto de Marcos Sampaio, inserido na edição do jornal O POVO, de 16.05, pp. “Existe um silêncio em torno do filme Padre Cícero, Os milagres de Juazeiro. Lançado em 1976, a obra do estreante Helder Martins de Morais tinha ares gloriosos, com artistas de renome, orçamento grandioso, apoio da Embrafilme, tecnologia importada e gerou grande expectativa. Curiosamente, o tempo passou, os responsáveis pelo trabalho quiseram apagá-lo de suas biografias e um esquecimento envolveu o filme que contava a história de um dos vultos mais fortes, importantes e polêmicos da história cearense. Uma parte dessa cortina de fumaça que se ergueu em torno de Padre Cícero começa a ser soprada de lado. Escrito por Raymundo Netto, o livro Padre Cícero, O Filme (Fundação Demócrito Rocha) resgata a memória deste que foi o primeiro longa metragem colorido produzido no Ceará. A partir de entrevistas com atores, figurantes, técnicos e moradores da pequena Rosário, distrito de Milagres, a 473 km da capital cearense, a pesquisa vem desde a ideia de levar aos cinemas a história do religioso, passa construção de um imenso aparato técnico para a realização até chegar à desilusão com a obra finalizada. Além da “biografia”, Padre Cícero, O Filme traz a íntegra do roteiro original, escrito por Helder Martins de Moraes. Com lançamento oficial durante o Festival Vida&Arte, o livro, que inaugura a coleção Memória do Audiovisual Cearense, acompanha uma reprodução do pôster original, desenhado pelo artista plástico gaúcho José Luiz Benício, que também ilustrou filmes como O Beijo no Asfalto, Dona Flor e Seus Dois Maridos e vários dos Trapalhões. Padre Cícero, O Filme também vai ser vendido num kit-estojo que inclui a íntegra do filme de 1976 – e o trailer veiculado na época – e um documentário sobre a produção. Uma prévia do projeto vai ser apresentada hoje, 16, às 16 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste. “Patriarca do sertão”, “O apóstolo rebelde”, “Taumaturgo do Nordeste” e “Os milagres de Juazeiro” foram alguns subtítulos que acompanharam Padre Cícero, que contou com Jofre Soares no papel principal. “O Jofre tinha o sonho de viver o Padre Cícero”, lembra Elvira Sá de Morais, produtora executiva do filme e filha de Francisco Martins de Morais, empresário cearense que foi convencido por Helder Martins, seu primo em terceiro grau, a investir na produção. “Meu pai era incorporador. Fundou o Icaraí na década de 1960 e ganhou muito dinheiro. Ele vendeu o que hoje é a Tabuba para um grupo do Rio de Janeiro, ganhou muito dinheiro e investiu no filme”, continua. O investimento foi alto e contou com um (bem pago) elenco de peso. Além de Jofre, Padre Cícero teve José Lewgoy, Nildo Parente, Dirce Migliaccio, Rodolfo Arena e Ana Miranda, está no papel da beata Maria de Araújo. A esses nomes, acrescente Walden Luiz, Haroldo Serra, Ricardo Guilherme e Nirton Venâncio e outros em seus primeiros trabalhos no cinema. “O Roberto Farias (diretor, irmão de Reginaldo Faria) pediu pra ser o diretor, mas meu pai tinha dado palavra para o Helder”, acrescenta Elvira, sem negar que é aí onde se encontra o ponto fraco do filme. Se Helder Martins tinha pouco conhecimento de cinema, tendo produzido alguns poucos documentários, Francisco Martins não tinha nenhuma. Helder fez uma profunda pesquisa sobre o personagem e escreveu um roteiro retilíneo, baseado em fatos. “A meu ver, o filme deixa a desejar no roteiro, na direção. A figura do Padre Cícero mexe com o sagrado, a paixão e o filme ficou muito centrado no julgamento pela igreja. Ele não tira o espectador da cadeira”, avalia Elvira contando que o fracasso de bilheteria rendeu um prejuízo vultoso para o pai, que, tempos depois, se desfez de todos os objetos que estavam guardados, como equipamentos e figurinos. Por conta dos infortúnios, Padre Cícero, Os milagres de Juazeiro tornou-se uma lembrança pouco acessada na cinematografia cearense. Francisco Martins passou um tempo sem querer falar da sua participação no trabalho. Ele faleceu em 8 de setembro de 2000, aos 78 anos. “Aqui pra nós, o filme foi um desastre”, comenta Elvira. “Mas minha sensação, agora, é de muita satisfação pelo trabalho do Raymundo Netto. Meu pai, onde estiver, vai ficar resgatando a importância dessa história. Vai ficar um registro muito importante”. Em contato com a Coluna, o autor do projeto, Raymundo Netto informou que provavelmente em julho próximo virá a Juazeiro do Norte para o lançamento do livro e a reexibição do original. Confirmaremos o evento com antecipação. 

CIDADÃO JUAZEIRENSE
O ex-vereador Raimundo Cabral Sales acaba de ser agraciado com o título de cidadania juazeirense. Eis o ato aprovado pela câmara: RESOLUÇÃO N.º 905 de 08.05.2018: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor RAIMUNDO CABRAL SALES, pelos inestimáveis serviços prestados à esta comunidade. Autoria: Domingos Sávio Morais Borges; Coautoria: Paulo José de Macêdo; Subscrição: José Adauto Araújo Ramos, Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Antônio Vieira Neto, José David Araújo da Silva, Glêdson Lima Bezerra, José Nivaldo Cabral de Moura, Rosane Matos Macêdo, Jacqueline Ferreira Gouveia, Rita de Cássia Monteiro Gomes.
PEDRO BANDEIRA, 80 ANOS
A celebração dos oitenta anos de Pedro Bandeira foi como se devia: vários dias de homenagens e revisão de sua vida e obra. Num desses momentos, ele recebeu uma das maiores reverências, comn a concessão da Medalha Cidade de Juazeiro, através do seguinte ato legislativo:RESOLUÇÃO N.º 904 de 03.05.2018: Art. 1.º - Fica concedida a Medalha Cidade de Juazeiro, Comenda do Mérito Legislativo ao POETA PEDRO BANDEIRA PEREIRA DE CALDAS, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade Juazeirense, notadamente à nossa Cultura. Glêdson Lima Bezerra Presidente Autoria: Glêdson Lima Bezerra; Coautoria: Paulo José de Macêdo e Rosane Matos Macêdo; Subscrição: Cícero Claudionor Lima Mota, José Adauto Araújo Ramos, Damian Lima Calú, Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Márcio André Lima de Menezes, Rita de Cássia Monteiro Gomes e Luciene Teles de Almeida.
SAUDADES!!!

Há cinco anos nos despedimos de Ir. Ana Teresa Guimarães (Guaratinguetá, SP: *16.04.1935) e de Maria Assunção Gonçalves (Juazeiro, CE: *01.06.1916). Isso aconteceu em Juazeiro do Norte, respectivamente, entre os dias 18 e 19 de maio de 2013. De lá para cá, essa lembrança é plena de emoções e saudades. Foram duas extraordinárias mulheres que amaram profundamente o nosso Juazeiro, essa terra amada dos romeiros do Padre Cícero e da Mãe das Dores. De cada uma delas nos vem imediatamente a recordação por um serviço de imensa valia, pela educação, no trato da missão por um melhor acolhimento aos peregrinos que aportaram a essa terra. Como está escrito e assim cumpriram: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7). A elas, e sempre, as nossas saudades e as nossas orações.