sábado, 6 de fevereiro de 2016

SEU LUNGA CONTINUA VIVO
Falecido recentemente, seu Lunga continua vivo. É o que se pode dizer, sem trocadilho e gozação porque tudo aquilo que gerou a sua enorme notoriedade na mídia de nosso país continua ainda repercutindo. Noutro dia, passando pelos aeroportos do Rio de Janeiro e de Recife encontrei folhetos de cordel falando do personagem. Como este aí de Zé do Jati que já tirou diversas edições muito alentadas. Este é o seu 6º volume, falando da chegada de Lunga no Céu. Penso que isto é absolutamente normal, pois muitas pessoas ganham este status. Uma vez mortas, divinizam-se e são elevadas a esta condição de pelo menos serem recebidas por São Pedro. Acredito que ninguém vai ousar falando de uma possível chegada ou discussão de Lunga com o satanás. Mas, nunca se sabe. Deste mesmo autor, Zé do Jati, há outros 5 volumes, alguns deles já na sua edição trigésima. Também, é digno de menção a realização de um programa de tv, na Tv Verdes Mares Cariri, nas manhãs de sábados, que é finalizado quando alguém conta histórias de seu Lunga. Enfim, uma figura que ficou e assim permanecerá eterna entre nós.

COLUNA CIDADE & CIDADANIA
No Portal da Raio Padre Cícero, FM 104,9, de Juazeiro do Norte, está sendo publicada uma página semanal em que deverei continuar abordando questões de interesse de nossa cidade e de nossa cidadania. Nesta coluna estes textos serão reproduzidos, como faço agora com o primeiro sobre os problemas do lixo na cidade.

O LIXO (I)
De maneira muito sintética, entende-se por lixo os resíduos produzidos por atividades humanas que não tenham utilidade. Pode ser uma visão muito simplista para um problema complexo, uma vez que, na prática, do lixo hoje em dia muitas atividades estão gerando emprego e renda, exatamente pelo caráter da reciclagem de diversos materiais que se acumulam e se descartam como inservíveis pela população em geral. Assim, o primeiro indivíduo que habitou a terra seguramente gerou o primeiro resíduo, feito lixo, a partir de sua alimentação, atividades fisiológicas e a luta pela sobrevivência, o que não lhe servia, e que deve ter sido depositado em algum lugar, ao acaso. Estamos falando de algo que é inerente à nossa existência, fato que já deveria ter sido resolvido há milênios, mas que nos dias de hoje se configura como um problema ambiental da maior gravidade. 
Historicamente, o primeiro grande impacto nos aparece com o advento da Revolução Industrial que introduziu a diversidade na geração de resíduos sólidos à cena que antes só comportava, praticamente, os resíduos orgânicos de alimentos e excrementos. Esse foi o fato gerador que aos poucos foi incrementando complexidade a partir da acumulação de materiais diversos, como restos de alimentos, resíduos agrícolas, papel, madeira, etc, para atingir hoje coisas mais complexas como plásticos, metais, vidros, produtos químicos tóxicos, medicamentos, pilhas, baterias, tintas, lixo eletrônico, lixo industrial, lixo hospitalar e até resíduos nucleares. Lamentavelmente, ao abordar este problema, temos que mencionar o nosso grande atraso no seu enfrentamento, pois se reconhece que muito pouco tem sido feito para reduzir seus efeitos sobre as comunidades. A questão do lixo urbano é algo tão grave na sociedade que o princípio de uma ação efetiva para seu equacionamento se inicia com a nossa consciência socioecológica, o que depende fundamentalmente do nosso esclarecimento e da educação das novas gerações. Em primeiro lugar relevamos que o acúmulo e os destinos equivocados do lixo trazem implicações sérias com a disseminação de insetos e outros animais, hospedeiros de agentes etiológicos de doenças, produção de odores extremamente desagradáveis e resíduo líquido que contamina o lençol freático, poluindo nossas reservas de água potável, além da contaminação de pessoas que estão em contato com estes resíduos em degradação, para sermos bem sumários. Estas coisas, todas, aparentemente, são do nosso pleno conhecimento, mas estranhamente não são capazes de produzir um efeito importante na nossa própria conduta como gerador deste lixo. Em um grande centro como este nosso, minimizar estes impactos requer uma drástica intervenção do poder público no tocante ao disciplinamento de toda a cadeia que pode resolver o problema do destino final dos resíduos. Nesta esfera, União, Estados e Municípios, geram aparatos legislativos com normas que estabelecem procedimentos para implementar soluções básicas na contenção com respeito a coleta, reciclagem e destino final dos resíduos. Depois de muitos anos de estudos e debates há hoje uma legislação que aos poucos vai sendo aprimorada, com vistas a solução dos complexos problemas da geração e destino de resíduos sólidos. Falamos da Lei nº 12.305, de 02.08.2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em, seus termos estão preconizados “princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.” Do corpo dessa legislação emerge o mais recente conceito sobre lixo, tecnicamente denominado de “resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.” Segundo o Ministério do Meio Ambiente, este instrumento visa também colocar “o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quanto na Coleta Seletiva. O Ministério também preconizou uma meta relativamente ambiciosa para alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015. Ao lado deste fato, onde ficam explícitos direitos e deveres do cidadão comum, mas também de toda a sociedade, por todos os seus segmentos produtivos e geradores de resíduos, há um longo trabalho a ser concretizado a partir da escola, na vivência doméstica e comunitária, no sentido de formar uma consciência coletiva por práticas adequadas que mitiguem estes impactos do lançamento inadequado de resíduos no meio ambiente. Precisamos fortificar estes esforços para formar estas novas gerações com uma visão moderna sobre a geração de resíduos e o correto manejo no seu descarte. E isto é um trabalho longo, porque terá pela frente a mudança de comportamento, culturalmente sedimentado em séculos nos quais isto foi pouco questionado. No próximo texto vamos nos deter um pouco sobre o que deve ser o esforço da sociedade para aprimorar a sua educação ambiental de modo a formar a sua própria consciência ecológica 
(Coluna Cidade & Cidadania, postada para www.radiopadrecicero.org.br, na data de: 02.02.2016)