sexta-feira, 6 de junho de 2014

Dr. Geraldo Barbosa: 90 anos

 BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
036: (06.06.2014) Boa Tarde para Você, Dr. Geraldo Menezes Barbosa
Há não muitos dias passados, disse aqui uma frase do cronista João Brígido dos Santos: “Hoje faço 90 anos. Se é feio dizê-lo, muito mais feio será negá-lo.” Mas, esta expressão é tão apropriada para o dia de hoje, que não me furto em repeti-la. Assim, saúdo você, Geraldo Menezes Barbosa, por seus 90 anos. A traduzir melhor isto que nos diz este seu conterrâneo do Crato, nada é feio em torno desta data. Particularmente a você que chega hoje a esta marca, dando prova soberba do quanto valeu a pena e, principalmente, do que não pode ser feio em dizê-lo, porquanto pleno de lembranças ao longo de toda esta caminhada, o meu abraço cordial de parabéns. Quero igualmente felicitar a dona Maria José Ratts que tanto lhe iluminou, acompanhou e protegeu nessa travessia. Não repare a franciscana pobreza do meu presentinho. E duas coisinhas eu gostaria de lhe dizer, Dr. Geraldo. A primeira, precisa ser um agradecimento porque você é destas pessoas que por seus predicados e trabalho construiu uma biografia invejável, ao longo do que foi possível viver, trabalhar arduamente constituir família, ter filhos e escrever livros. Vamos estar juntos, hoje, para abraçá-lo efusivamente, neste dia do seu nascimento. Por último, Dr. Geraldo, e a propósito de nascimento, eu lhe conto uma pequena história. Ao me dedicar a escrever uma abreviada resenha de nossa imprensa escrita, eu me deparei com a existência do jornal Correio de Juazeiro. Sua primeira edição veio para as ruas no dia 16 de janeiro de 1949. Foi o nosso vigésimo sétimo jornal, de uma lista que hoje tem mais de 600 títulos. Era um semanário independente e noticioso. Por mais de um ano, você, Geraldo Barbosa, o editou com as colaborações de Dr. Mário Malzone, Espedito Cornélio, Francisco Barbosa, Elvídio Landim, Odílio Figueiredo, Taumaturgo Nogueira, seu irmão João Barbosa, Aderson Borges de Carvalho, Othon Mendonça de Matos, J. de Figueiredo Filho, Coelho Alves, Vital Souza Freitas e outros. Era um tabloide bem cuidado graficamente, tinha ilustrações com xilogravuras de Damásio Paulo de Oliveira e era impresso na Tipografia São Francisco, de Zé Bernardo da Silva. Bem recentemente, um amigo me presenteou com uma cópia da edição 38 do Correio de Juazeiro, de 2 de outubro de 1949. Numa de suas páginas está estampada uma pequena matéria que diz o seguinte: No dia 26 de setembro passado o lar do casal Doralice e Luiz Casimiro foi enriquecido com o nascimento de um garoto que na pia batismal receberá o nome de Antonio Renato. Quando li isso, quase não aguentei de tanta emoção. Hoje, passados 64 anos destes seus 90 bem vividos, felizmente a vida vai me ensejar a oportunidade de, em lhe cumprimentando, também agradecer a você por tantas coisas, mas principalmente por aquela sua iniciativa de dizer pelo Correio de Juazeiro que eu estava chegando. E não era quase nada, senão a alegria mais recente da família de Doralice e Luiz Casimiro. Quanto a você, Geraldo Barbosa, você já era o grande cronista do Cariri. O cronista que ainda continua a nos dizer, diariamente, dos encantos que a vida lhe proporcionou. E no dia de hoje, nós fazemos votos para que isto ainda continue por muitos anos. Parabéns.
CORDEL RARO
Padre Cícero é um ciclo dentro das temáticas da Literatura de Cordel. Há incontáveis folhetos sobre o personagem, e particularmente sobre sua morte. Temos uma coleção muito vasta sobre o assunto. Mas, vez por outra nos surpreendemos com um novo título, especialmente de edição muito antiga. É o caso deste A Morte do Padre Cícero e seu último Pedido, de João Severiano de Lima. Já tinha procurado bastante por ele e não encontrava uma menção. Mas, recentemente o Tiago Portella Otto, meu genro, obteve uma primeira edição deste folheto. O que há, inicalmente, mais valioso na peça é a sua data: Joazeiro, 28.07.1934. Ou seja, o folheto foi impresso aqui mesmo, pouco depois da morte do padrinho. A impressão, provavelmente, se deu aqui também, embora não haja uma citação explicita. Em face da raridade, eis aí o folheto com todo o seu texto.





UM PAÍS DE LEITORES
Recebi de Joaquim Crispiniano Neto este excelente texto que ele elabora para justificar a tramitação de um projeto na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, com respeito ao incentivo à leitura. Esta é uma atitude extremamente bem vinda para a nossa juventude. Vejamos:
“Tendo em vista o grande esforço nacional em busca do objetivo da transformação do Brasil, em um país de leitores, conforme se pode depreender da Lei Federal Nº 10.753, de 30 de outubro de 2003 e do Plano Nacional do Livro e da Leitura, bem como da Lei N° 13.549, de 23.12.04 (D. O. DE 29.12.04) e do Plano Estadual do Livro e da Leitura, apresentamos este Projeto de Lei do Livro de Juazeiro do Norte, com a finalidade de estimular a educação e a cultura, com especificidade da Leitura e a Literatura em nosso município. Segundo a ANL - Associação Nacional de Livrarias, o Brasil possui 3.481 livrarias em operação. Destas, 49% estão instaladas nas capitais dos 27 estados e no Distrito Federal, e as 51% restantes nas demais cidades. O que significa dizer que temos apenas 1776 livrarias nas 5.547 cidades restantes do País. Uma cidade de porte médio como Juazeiro do Norte ainda é muito mal servida de livrarias, de bibliotecas e editoras. O Brasil tem uma média 1,8 livrarias para cada 100 mil habitantes, sendo que nas cidades do interior, a média é bem mais baixa, ressaltando-se que a maioria absoluta das cidades do interior não possuem nenhuma livraria. As bibliotecas públicas que oferecem o acesso ao livro gratuitamente existem na maioria das cidades, mas na maioria dos casos, são desestruturadas e não dispõem de programas de Leitura que incentivem a formação do hábito da Leitura. Os dados do IDEB - Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica) de 2012, divulgados pelo MEC, mostram que as 192.676 escolas de educação básica no país atendem 50.545.050 alunos. Mas, apenas perto de 64 mil delas possuem bibliotecas. O que comprova que não chega a ter uma biblioteca para cada mil alunos. Isso se reflete, é claro, no déficit de leitura do brasileiro. O Instituto Pró-Livro realizou em 2011, um estudo no qual foram entrevistadas mais de 5 mil pessoas em 384 municípios. O levantamento revelou que a média de leitura do brasileiro é de quatro livros por ano e que a maioria destes livros lidos são didáticos e técnicos, sendo muito baixo o índice de livros literários que realmente servem para melhorar o nível cultural dos leitores. A mesma pesquisa constatou que somente cerca de 50% da população brasileira cultiva o hábito de leitura. Para fazer uma comparação com outros países, na França a média é de 12 livros por ano, na Espanha, 11, nos Estados Unidos, 10, na Argentina, seis, no Chile, cinco e na Colômbia, dois. Na Noruega, maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, as pessoas lêem cerca de 16 livros por ano. Não é um número tão alto comparado a outros países, mas impressiona o percentual da população que cultiva o hábito da leitura, que é de 96%. O incentivo dado ao estudante para ler deveria começar na escola, mas quase 70% delas sequer têm uma biblioteca. Com esta realidade, o que se pode esperar a não ser grande número de analfabetos funcionais? Dados do Indicador de Analfabetismo Funcional, divulgados em julho de 2012, dão conta que 20% dos brasileiros, de 15 a 49 anos, são analfabetos funcionais, ou seja, aquela pessoa que, apesar de conseguir ler as palavras, não consegue entender e, consequentemente, interpretar a mensagem de um texto de até 10 linhas com até três parágrafos. Juazeiro do Norte, em virtude da presença do Padre Cícero Romão Batista nas cenas da sua história tornou-se uma das cidades mais registradas em livros. São cerca de 700 títulos que abordam diretamente assuntos ligados diretamente à vida deste município de grande valor histórico. Em função de episódios de mais destaque, temos mais de cinco mil livros e milhares de folhetos de Literatura de Cordel que falam sobre o Juazeiro do Norte ou mais especificamente sobre a figura do Padre Cícero. Para cultivar o hábito da leitura nas crianças e nos jovens é preciso que a família e a escola façam sua parte. Quanto às escolas, responsabilidade do poder público, temos a ressaltar que esta Câmara Municipal deverá respaldar do ponto de vista legislativo, as condições do poder executivo desenvolver uma política de Livro e Leitura capaz de garantir às escolas a estruturação de bibliotecas escolares e da aquisição de livros para doação aos alunos, dando-lhes a condição de iniciarem desde cedo o embrião da biblioteca domiciliar em cada lar, para que estes alunos, tendo o livro ao alcance da mão possam adquirir o hábito da leitura e assim sendo, frequentarem as bibliotecas e as livrarias, movimentando assim a economia do livro, viabilizando em Juazeiro do Norte que empreendedores possam implantar mais livrarias e editoras na cidade.”